Porque este blog, muito mais do que um blog de viagens, é um blog das minhas viagens. Por isso, hoje faço uma viagem ao passado, regresso ao ano de 2001 e faço uma viagem pelas minhas memórias. Uma viagem de 15 anos. (5 vezes a palavra viagem em meia dúzia de palavras. Muitas vezes as grandes viagens não precisam de avião 😉 )
Um dos dias mais felizes da minha vida foi o dia em que venci a Taça de Portugal, no escalão de Juvenis, na modalidade de Futebol de Salão, pelo clube do meu coração, o Clube Desportivo “Os Patos. Mas, mais importante que isso, uma taça que ganhei com os meus amigos.
É por dias como este, que garanto a certeza de que o Desporto é muito mais do exercitar o corpo e competir com alguém e, que ganhar algo numa modalidade desportiva, é muito mais do que levantar uma taça.
É claro que ganhar uma competição a nível nacional nos enche que orgulho e nos faz sentir especiais. E deixo sempre esta questão para mim, ganhar por outro clube e com outras pessoas seria tão especial? Muito sinceramente, não seria tão especial.
Recordo-me, como se fosse hoje, desse dia. A final foi em Pombal, contra uma equipa do Porto. Na meia final jogamos contra uma equipa de Almada. A meio disto, o presidente da federação disse-nos que era impossível ganhar, as outras equipas eram muito fortes. No dia da final, enchemos dois autocarros e mais uma boa dezena de carros para no ir ver jogar. Senti-me especial. Lembro-me perfeitamente, de antes do jogo, o meu pai, que praticamente viu todos os meus jogos ao longo da minha vida, me dar concelhos sobre o que fazer, coisa que nunca tinha feito anteriormente e que nunca mais voltou a fazer. Acho que estava a viver um misto de ansiedade e nervosismo. Senti que o momento era especial. O jogo começou. Durante o jogo sinceramente não senti qualquer diferença para outro jogo, era um miúdo e tinha um prazer imenso em jogar à bola. Quase que esqueci a final. Ganhamos, até com mais facilidade do imaginamos. Assim que o jogo acabou, voltei ao modo, este é um dia diferente, ganhar este jogo foi diferente. Recordo-me que quase todos saltaram das bancadas para nos abraçar, olhavam para nós com um olhar de agradecimento e abraçavam-nos com uma força tal, que até fiquei com sangue no nariz. Senti-me muito especial. Recordo-me ser o Carlos Gazil (Arlitos) a chorar de felicidade, recordo-me de ver o Pedro Valamatos (o nosso treinador) com um olhar diferente, recordo-me de não existir diferenças entre quem jogou mais ou menos, quem marcou ou não marcou. Era (com imenso orgulho) o capitão dessa equipa, recordo-me de levantar a taça, com extensão máxima que os meus braços, ainda em crescimento, permitiram. Uma sensação difícil de descrever, com a certeza de que foi muito boa. Recordo-me da viagem de regresso, sempre em festa. Recordo-me de quando o nosso autocarro (onde iam jogadores) passava pelo outro autocarro, parecia que estava num pedestal, a ser admirado. Recordo da chegada à cidade de Abrantes, com vários carros à nossa espera, para nos acompanharem até ao Rossio. Recordo-me de uma festa imensa na sede dos Patos. Era um Domingo, no outro esta autorizado a faltar à escola. Era um dia especial.
Passados 15 anos, recordo este dia como um dos dias mais felizes da minha vida. Muito mais do que ganhar um taça, foi ganhar uma taça com os meus amigos e pelo meu clube. Acredito que ganhar uma Liga dos Campeões seja muito especial, mas duvido que alguém, tenha levantado a taça da Liga dos Campeões com mais felicidade do que aquela que eu senti quando levantei a Taça de Portugal de Futebol de Salão, pelo Clube Desportivo “Os Patos” e ao lado dos meus amigos.