No dia 25 de Abril a minha Liliana completa a bonita marca de 25 semanas de gravidez. Segundo uma aplicação que tenho, a Alice, nesta fase, está com o tamanho de um alho francês. Já foi de o tamanho de um pimento e de uma cenoura. Acredito que está a crescer.
Esta coisa da paternidade assemelha-se com algo relacionado com passos de magia que nos alteram uma porrada de funções. Assim num ápice, toda a minha vida, presente e futura, é feita um função de um ser, que nunca vi, e que tem o tamanho de um alho francês. A vida é engraçada, não é? Estou a viver um misto de sentimentos que variam deste como será a cara dela, até onde vamos viajar juntos, passando por um plano poupança reforma para ela estudar onde quiser, passando também pelas histórias que lhe quero contar e acabando, sempre, em todo o amor que lhe quero dar. Isto tudo em grande escala e sem querer receber nada em troca, só a felicidade e saúde da minha menina.
Nas últimas semanas a barriga da Liliana tem crescido imenso. Felizmente a saúde das minhas meninas está bem. A Liliana já se move nas velocidades de lenta ou parada, mas em contraste, a Alice, está a jogar a toda a velocidade. Muito se mexe a rapariga. Às vezes a barriga da Liliana parece um tremor de terra, com as placas tectônicas a carburarem no seu máximo fulgor. Às vezes também penso que Alice poderá sair directamente para o Cirque du Soleil, tal é repertório de movimentos parecidos com cambalhotas que possui. Sempre com a dificuldade associada à velocidade de execução. Do meu lado, parece que o mundo para cada vez que ela se mexe e a minha mão consegue sentir. Muitas vezes, as melhoras sensações são originadas pelos momentos mais simples. Do lado da Liliana, às vezes a Alice não a deixa dormir, mas quando ela está um tempo sem se mexer, parece que o problema ainda é maior. “A Alice ainda não se mexeu hoje, será que está tudo bem?”. Coisas de mãe. Apesar do meu amor ser gigante, nem imagino como será ter a Alice dentro de mim. É outro campeonato. Mas que gosto muito de assistir e estar presente.
Agora também estamos na fase das compras. O quarto da Alice, o carrinho e os 1500 bodys e roupinhas. Percebo porque o negócio das lojas de artigos para bebés seja um sucesso. É quase impossível de resistir. Fui eu que comprei a primeira roupinha para Alice. Aventurei-me, sozinho, numa loja de roupa para bebés assim que soube que era uma menina. Na minha santa ignorância pedi um vestido. Ou melhor, a minha intenção era comprar um vestido. E foi isso que pedi. Saí de lado com o vestido, é certo, mas também trouxe um body, um casaquinho, umas meias com um laçarote e um babete. Mais tarde a Liliana ainda comprou um gorro, para completar o conjunto. Como é possível resistir à afirmação: “não vai levar o casaquinho? E depois se a menina tem frio?!”. Vou dizer o quê? Ainda me senti tentado a dizer: “são dois, se faz favor!”. A minha Alice não pode passar frio. Esta malta sabe tocar no ponto franco do coração de um pai.
Mas talvez a minha história “mais épica” na compra de roupa para a Alice tenha sido na Índia. Comprei dois vestidinhos para Alice no mercado de rua de Calicute. Nem imaginam que foi para dizer queria um vestido para uma recém nascida. Apenas por gestos. Até o movimento de embalar fiz. É claro que me fartei de rir com aquela gente boa da Índia, revirámos a tabanca toda, mas lá encontrámos aquele vestido tradicional (o vermelho e amarelo da foto) que eu queria. Felizmente ele não insistiu para eu levar um body e umas meias, caso contrário, ainda lá estava. A escolher o estilo, cor e tamanho.
Também já escolhemos o carrinho. E só vos digo que tem suspensão. A Liliana concordou, mas fui eu quem insistiu mais para ser aquele. O meu escritório é lá fora e quero levar muitas vezes a Alice lá. Tenho de ter um carro preparado para isso. Em relação ao quarto, também está em andamento, quase a passar para a urgente. Neste momento acho que a Alice já ultrapassou o pai e a mãe, no que toca a número de peças de roupa. Mais que uma cama para deitar a Alice, precisamos de um armário para colocar toda a roupa e acessórios da princesa cá de casa. Acho que o cor do quarto também já está escolhida. Mas depois mostro-vos a obra completa.
Não vejo a hora de abraçar a minha Alice. Já só faltam 15 semanas.