porque não abrantes?
Há uns dias cruzei-me com esta expressão: “Porque não Abrantes?”. Conseguem imaginar aquelas frases publicitárias que nos fazem parar, que nos colocam a pensar e que, mais tarde, nos fazem comprar. Conseguem? Comigo, esta simples frase resultou. Se bem que no sentido inverso. Comprar, eu já tinha comprado, mas fez-me parar e, sobretudo, fez-me pensar. Porque não Abrantes?
Parece um slogan em tempo de eleições. Mas fora desse momento atribulado da vida dos territórios, e quando aplicada no momento certo, faz sentido. Não significa que atinja todos da mesma forma. Não acredito que alguém da Coreia do Sul, ao cruzar-se com esta pequena frase, se ponha a pensar na vida. Da mesma forma que alguém de Abrantes, não tem que fazer o mesmo. Mas no dia em que esta frase bateu de frente com o meu olhar, fez-me pensar “que raio estou aqui a fazer? porque sou tão ligado a este lugar?”. Nas relações pessoais vivemos diferentes fases. Lá no fundo, o amor é mesmo, mas existem alturas em que estamos mais enamorados que outras. A minha relação com a minha cidade, no momento, vive uma fase de grande “enamoramento”. Sim, mesmo assim fiquei a pensar. Sim, não parece, mas tenho um lado cientifico. Gosto de questionar tudo, até as coisas mais simples. Sim, muitas vezes repito a mesma pergunta, mais que não seja para confirmar a resposta. Levo muito a sério esta coisa de ser feliz.
Vivo deliciado com os pormenores da vida da minha cidade e do seu concelho. Adoro também a sua história. Gasto a horas em busca do melhor ângulo, não para obter a fotografia perfeita ou a melhor descrição, mas para me alimentar da cidade. Da minha cidade. Muitas vezes também viajo no tempo, imagino com seria no passado, como seriam os meus antepassados. Agora, que estou prestes a ser Pai da minha querida Alice, também dou por mim a viajar pelo futuro, a imaginar como será a minha cidade quando a minha filha tiver a minha idade. Não é uma viagem tão fácil, como aquela ao passado, mas é muito interessante, até porque que me coloco sempre no papel dos que constroem a cidade. É um desafio ao presente, deixar um legado ao futuro. Muitas vezes penso que só eu responderia positivo a uma pergunta “porque não Abrantes?”, felizmente esse pensamento desvanece-se rapidamente. Se eu fosse o único, talvez também eu responderia “não” à pergunta. São as pessoas que fazem os espaços, por mais bonitos que eles sejam, por mais histórias que tenham para contar. Há uns dias tive uma conversa engraçada com um rapaz de Chicago, que vive em Madrid, tem uma namorada na Turquia e já viajou por meio mundo. A primeira vez que visitou Portugal, saiu do aeroporto, apanhou um comboio e desembarcou em Abrantes. Para mim foi um orgulho, Abrantes ter sido a eleita. Antes de eu lhe lançar qualquer pergunta, depois dos cumprimentos iniciais, disparou-me um: “Man, you live in a such beautiful place”. Senti que foi sincero. Pelo seu sorriso, pareceu-me não querer estar noutro lugar do Mundo, mais do que em Abrantes, naquele momento. Esta rápida conversa, com dois rapazes da mesma idade como intervenientes, que nasceram e foram criados em, quase, lados opostos do mundo, serviu, para mim, também como uma das respostas possíveis à minha interrogação interna: “Porque não Abrantes?”. O rapaz de Chicago já viu meio mundo e espanta-se com os recantos e com as pessoas desta pequena pequena cidade do interior. Eu sei que Abrantes tem o seu lado especial, mas é sempre bom validá-lo.
Já disse e escrevi isto mil vezes. Esta coisa de ter um Escritório lá Fora como profissão, permite-me liberdade, quase total, no que toca à escolha do local para viver. Poderia, por exemplo, ter a base do Meu Escritório numa praia das Filipinas ou da Costa Rica, ou viver em Hong Kong ou numa tenda de uma tribo no Quénia, com leões como vizinhos. Tudo é possível. Desde que tivesse acesso à internet, era válido. Simples. Mas em vez de uma praia paradisíaca, de uma grande metrópole ou da savana africana, escolhi Abrantes para viver, talvez para sempre. (até parece estranho a escrever) Adoro viajar, quero conhecer o Mundo inteiro. Mas quero sempre voltar. Gosto tanto de ir, como gosto de voltar. Adoro o frenesim de um local novo, mas também adoro a rotina de me encontrar com os meus amigos no Café Pato Bravo, na minha terra, à 6a feira à tarde. Nem é preciso telemóvel ou facebook para combinar. Isto é estranho, não é? Mais uma vez, quero conhecer o Mundo inteiro, mas não aguento muito tempo longe da minha Liliana, dos meus pais que gosto tanto e dos meus amigos. Talvez nesta simplicidade de ações, esteja o ganho. Felizmente, não existe qualquer lei que diz que não se pode ter tudo na vida. Eu luto todos os dias para ter tudo aquilo que gosto e que me faz feliz. Viajar, escrever, fotografar, criar, fazer de tudo isto a minha profissão, depois lanço novamente a questão, “porque não Abrantes?” Porque não Abrantes, para ser o local para onde volto sempre, onde gosto de contar as primeiras histórias das minhas viagens, onde sou genuinamente feliz. Sem ninguém me pedir nada em troca. Acho que a isto se chama, vulgarmente, de casa. Aparamente, não é a escolha óbvia para muitos. Muitas vezes percebo porquê. Talvez por isso, faça várias vezes essa pergunta a mim mesmo. Talvez por isso, tenha ficado a olhar, parado, a pensar “porque não Abrantes?”. Já perceberam, mas resposta volta a ser “claro que tem ser aqui, só faz sentido ser aqui”.
Acredito que esta diferença e não seguir programas ou rótulos pré-estabelecidos (como por exemplo, um blogger ou youtuber bem sucedido tem que ser e estar numa grande cidade), com toda uma genuinidade associada (eu gosto mesmo de viver aqui, não foi ninguém que me disse), faz de mim, lá está, diferente. Ainda há pouco falei com outros colegas bloggers sobre este assunto, como era a relação com o lugar em que cada um vive. Uma colega brasileira respondeu-me que precisou de ser reconhecida no exterior (quem viu o Rei do Gado e o Pantanal, sabe que exterior quer dizer estrangeiro), para ser reconhecida na sua cidade, outra colega de Lisboa diz que, simplesmente, ninguém a conhece ou reconhece na sua cidade. Eu respondo sempre o mesmo, com muito orgulho: “na minha cidade sinto-me uma espécie de rockstar!”. Sinto imenso carinho e sinto que é sincero. Sinto que têm orgulho que o gajo que se fez à vida e criou uma coisa muito estranha chamada “O Meu Escritório é lá Fora!”, ser da mesma terra que eles. Talvez nem tenham lido uma palavra que eu escrevi ou visto alguma fotografia, talvez até sintam orgulho só por saberem que eu poderia viver em qualquer parte e escolhi viver na mesma terra em que eles vivem.
Para finalizar. Acho que perceberam que bati sempre na mesma tecla. As pessoas. Tenho um blog, é a minha profissão. Vivo do digital e do online, mas quem faz a verdadeira diferença são as pessoas, e sua relação e interação. As que eu mais gosto estão em Abrantes ou ligadas a ela, por isso, enquanto elas (as pessoas) gostarem tanto disto como eu e andarem por cá, a minha terra e a minha casa vai ser sempre Abrantes. Onde sou muito feliz. Por isso e enquanto isso acontecer a resposta à pergunta “porque não Abrantes?”, vai ser sempre “só pode ser Abrantes”. Mas! Se forem à minha procura por Abrantes e baterem à minha porta e eu não estiver em casa, é porque estou lá fora. Onde? No Mundo. Mas volto. Sempre.
Há uns dias cruzei-me com esta expressão: “Porque não Abrantes?”. Conseguem imaginar aquelas frases publicitárias que nos fazem parar, que nos colocam a pensar e que, mais tarde, nos fazem comprar. Conseguem? Comigo, esta simples frase resultou. Se bem que no sentido inverso. Comprar, eu já tinha comprado, mas fez-me parar e, sobretudo, fez-me pensar. Porque não Abrantes?
Parece um slogan em tempo de eleições. Mas fora desse momento atribulado da vida dos territórios, e quando aplicada no momento certo, faz sentido. Não significa que atinja todos da mesma forma. Não acredito que alguém da Coreia do Sul, ao cruzar-se com esta pequena frase, se ponha a pensar na vida. Da mesma forma que alguém de Abrantes, não tem que fazer o mesmo. Mas no dia em que esta frase bateu de frente com o meu olhar, fez-me pensar “que raio estou aqui a fazer? porque sou tão ligado a este lugar?”. Nas relações pessoais vivemos diferentes fases. Lá no fundo, o amor é mesmo, mas existem alturas em que estamos mais enamorados que outras. A minha relação com a minha cidade, no momento, vive uma fase de grande “enamoramento”. Sim, mesmo assim fiquei a pensar. Sim, não parece, mas tenho um lado cientifico. Gosto de questionar tudo, até as coisas mais simples. Sim, muitas vezes repito a mesma pergunta, mais que não seja para confirmar a resposta. Levo muito a sério esta coisa de ser feliz.
Vivo deliciado com os pormenores da vida da minha cidade e do seu concelho. Adoro também a sua história. Gasto a horas em busca do melhor ângulo, não para obter a fotografia perfeita ou a melhor descrição, mas para me alimentar da cidade. Da minha cidade. Muitas vezes também viajo no tempo, imagino com seria no passado, como seriam os meus antepassados. Agora, que estou prestes a ser Pai da minha querida Alice, também dou por mim a viajar pelo futuro, a imaginar como será a minha cidade quando a minha filha tiver a minha idade. Não é uma viagem tão fácil, como aquela ao passado, mas é muito interessante, até porque que me coloco sempre no papel dos que constroem a cidade. É um desafio ao presente, deixar um legado ao futuro. Muitas vezes penso que só eu responderia positivo a uma pergunta “porque não Abrantes?”, felizmente esse pensamento desvanece-se rapidamente. Se eu fosse o único, talvez também eu responderia “não” à pergunta. São as pessoas que fazem os espaços, por mais bonitos que eles sejam, por mais histórias que tenham para contar. Há uns dias tive uma conversa engraçada com um rapaz de Chicago, que vive em Madrid, tem uma namorada na Turquia e já viajou por meio mundo. A primeira vez que visitou Portugal, saiu do aeroporto, apanhou um comboio e desembarcou em Abrantes. Para mim foi um orgulho, Abrantes ter sido a eleita. Antes de eu lhe lançar qualquer pergunta, depois dos cumprimentos iniciais, disparou-me um: “Man, you live in a such beautiful place”. Senti que foi sincero. Pelo seu sorriso, pareceu-me não querer estar noutro lugar do Mundo, mais do que em Abrantes, naquele momento. Esta rápida conversa, com dois rapazes da mesma idade como intervenientes, que nasceram e foram criados em, quase, lados opostos do mundo, serviu, para mim, também como uma das respostas possíveis à minha interrogação interna: “Porque não Abrantes?”. O rapaz de Chicago já viu meio mundo e espanta-se com os recantos e com as pessoas desta pequena pequena cidade do interior. Eu sei que Abrantes tem o seu lado especial, mas é sempre bom validá-lo.
Já disse e escrevi isto mil vezes. Esta coisa de ter um Escritório lá Fora como profissão, permite-me liberdade, quase total, no que toca à escolha do local para viver. Poderia, por exemplo, ter a base do Meu Escritório numa praia das Filipinas ou da Costa Rica, ou viver em Hong Kong ou numa tenda de uma tribo no Quénia, com leões como vizinhos. Tudo é possível. Desde que tivesse acesso à internet, era válido. Simples. Mas em vez de uma praia paradisíaca, de uma grande metrópole ou da savana africana, escolhi Abrantes para viver, talvez para sempre. (até parece estranho a escrever) Adoro viajar, quero conhecer o Mundo inteiro. Mas quero sempre voltar. Gosto tanto de ir, como gosto de voltar. Adoro o frenesim de um local novo, mas também adoro a rotina de me encontrar com os meus amigos no Café Pato Bravo, na minha terra, à 6a feira à tarde. Nem é preciso telemóvel ou facebook para combinar. Isto é estranho, não é? Mais uma vez, quero conhecer o Mundo inteiro, mas não aguento muito tempo longe da minha Liliana, dos meus pais que gosto tanto e dos meus amigos. Talvez nesta simplicidade de ações, esteja o ganho. Felizmente, não existe qualquer lei que diz que não se pode ter tudo na vida. Eu luto todos os dias para ter tudo aquilo que gosto e que me faz feliz. Viajar, escrever, fotografar, criar, fazer de tudo isto a minha profissão, depois lanço novamente a questão, “porque não Abrantes?” Porque não Abrantes, para ser o local para onde volto sempre, onde gosto de contar as primeiras histórias das minhas viagens, onde sou genuinamente feliz. Sem ninguém me pedir nada em troca. Acho que a isto se chama, vulgarmente, de casa. Aparamente, não é a escolha óbvia para muitos. Muitas vezes percebo porquê. Talvez por isso, faça várias vezes essa pergunta a mim mesmo. Talvez por isso, tenha ficado a olhar, parado, a pensar “porque não Abrantes?”. Já perceberam, mas resposta volta a ser “claro que tem ser aqui, só faz sentido ser aqui”.
Acredito que esta diferença e não seguir programas ou rótulos pré-estabelecidos (como por exemplo, um blogger ou youtuber bem sucedido tem que ser e estar numa grande cidade), com toda uma genuinidade associada (eu gosto mesmo de viver aqui, não foi ninguém que me disse), faz de mim, lá está, diferente. Ainda há pouco falei com outros colegas bloggers sobre este assunto, como era a relação com o lugar em que cada um vive. Uma colega brasileira respondeu-me que precisou de ser reconhecida no exterior (quem viu o Rei do Gado e o Pantanal, sabe que exterior quer dizer estrangeiro), para ser reconhecida na sua cidade, outra colega de Lisboa diz que, simplesmente, ninguém a conhece ou reconhece na sua cidade. Eu respondo sempre o mesmo, com muito orgulho: “na minha cidade sinto-me uma espécie de rockstar!”. Sinto imenso carinho e sinto que é sincero. Sinto que têm orgulho que o gajo que se fez à vida e criou uma coisa muito estranha chamada “O Meu Escritório é lá Fora!”, ser da mesma terra que eles. Talvez nem tenham lido uma palavra que eu escrevi ou visto alguma fotografia, talvez até sintam orgulho só por saberem que eu poderia viver em qualquer parte e escolhi viver na mesma terra em que eles vivem.
Para finalizar. Acho que perceberam que bati sempre na mesma tecla. As pessoas. Tenho um blog, é a minha profissão. Vivo do digital e do online, mas quem faz a verdadeira diferença são as pessoas, e sua relação e interação. As que eu mais gosto estão em Abrantes ou ligadas a ela, por isso, enquanto elas (as pessoas) gostarem tanto disto como eu e andarem por cá, a minha terra e a minha casa vai ser sempre Abrantes. Onde sou muito feliz. Por isso e enquanto isso acontecer a resposta à pergunta “porque não Abrantes?”, vai ser sempre “só pode ser Abrantes”. Mas! Se forem à minha procura por Abrantes e baterem à minha porta e eu não estiver em casa, é porque estou lá fora. Onde? No Mundo. Mas volto. Sempre.