Como já toda a gente deve saber, a Liliana está grávida. Vamos ter um bebé. Isto, meus amigos, é felicidade no seu estado mais puro.
Eu sempre quis muito ser Pai. A Liliana apenas queria ser Mãe. Neste momento, eu já me sinto muitíssimo bem como Pai e a Liliana já se sente mmmuitíssimo (sim, coloquei mais uns ms para enfatizar a coisa) bem como Mãe. A gravidez foi planeada e desejada, e felizmente para nós, um processo super rápido. Felizmente, enquanto casal, os nossos astros estão alinhados para muita coisa e, felizmente, para fazer filhos também. Não estou a exagerar. Ao ponto de o médico nos dizer que “deveriam estar muito bem protegidos para não terem um filho antes”. Quando ele me disse isto, o meu peito inchou, qual garanhão, e elevou aquele genético espirito masculino. Apesar de o mérito ser tanto meu como da Liliana, é claro que andei uma semana a dizer para ela “se ela estava consciente da sorte que tem”. Em me ter como marido, é claro. Hoje escrevo como tem sido esta aventura, diria mesmo viagem de emoções à flor da pele, de “grávidos”. Sim, o bebé esta na barriga da Liliana, mas estamos “grávidos” os dois. Eu sinto-me grávido.
Ser Pai, Mãe, é um dos actos, momentos, mais ancestrais que podem existir. Ok, toda a gente sabe isto. Mas digo isto, para o reforçar o facto de que todos sabemos o que é, todos conhecemos o processo, todos sabemos o que vai acontecer, acontece assim há milhares de anos. Mas, mesmo assim, é impossível de prever o que vamos sentir quando chega a nossa vez. Ou melhor, antes pensava que iria sentir isto ou assado. Mas é impossível. Às vezes torcia um bocado os olhos aquelas expressões como “benção” ou “melhor coisa do mundo”, tão típicas de recém “grávidos” ou recém papás. Ok, pensava que iria ser um momento bom (já disse que queria muito ser Pai), mas dentro do meu racionalismo, pensei que iria ser um sentimento controlado. Mas estava completamente enganado. É o descontrolo emocional absoluto. E agora percebo aquela expressão tão típica da minha Mãe, quando não entendia algum movimento dela em relação a mim, “quando fores Pai, vais perceber”. E eu ainda não vi o meu bebé, apenas o sinto, e tanta coisa já mudou.
Bem, vamos começar pelo início. A Liliana é a luz dos meus olhos, e não é só por ser muito bonita. Aquela rapariga tem poderes. Eu sinto-os e têm uma influência em mim como não imaginam. Acho que ela ainda não estava grávida e já ela sabia que estava grávida. Às 3 semanas de gravidez, já estávamos a fazer um teste. É claro que a Liliana estava grávida. Isto, no final de Novembro. Felicidade imensa, mas com a consciência que ninguém sabe que está grávido logo às 3 semanas, muita coisa pode correr mal. Numa espécie de “vamos com calma”. Não contámos a ninguém. O que foi bastante difícil. Também pelo desejo de partilhar tamanha felicidade com aqueles que nos são mais queridos, mas também porque a Liliana, não conseguia enganar ninguém. Quer dizer, as pessoas podiam supor duas coisas, ou tinha uma doença grave ou estava grávida. A Liliana elevou ao máximo o espírito dos enjoos de grávida. Difícil. Se apanhava vento tinha vontade de vomitar, se comia tinha vontade de vomitar, se apanhava calor tinha vontade de vomitar, se apanhava frio tinha vontade de vomitar, se a televisão estava ligada tinha vontade de vomitar. Basicamente, tudo lhe dava vontade de vomitar. Até eu. Sim, até eu. Dizia que o meu cheiro a enjoava muito. Só não saí de casa para chorar num qualquer canto da rua, porque ela ria-se a seguir. Bem, foi um drama. Tapetes, colchas e mais não sei o quê, tudo para fora do raio de acção do nariz da Liliana. Mas, felizmente, nunca vomitou.
Os primeiros 3 meses foram assim. Quase que tivemos de fechar a Liliana em casa. Não para fazer disto um segredo enorme, mas porque cada vez que ela saía à rua, era uma espécie de colapso eminente. Entretanto os nossos pais já sabiam. Foi uma espécie de prenda de Natal. Tanto de um lado como do outro, vai ser o primeiro neto(a), portanto, estão a imaginar o nível de baba que está a escorrer por aquelas caras. É muito muito bom vê-los tão felizes, acho que nunca tinha feito nada, acredito que à excepção de nascer, que os tivesse deixado tão felizes. Não é que eles me tivesse dito que estavam felizes, mas é uma coisa difícil de esconder. A minha Mãe parece um atleta, daqueles estão prestes a correr os 100 metros, já está alinhada junto à partida, inclusive já fez uma falsa partida, prontíssima para que o juiz apite para a partida. O apito do juiz, será saber o sexo do bebé. As lojas de bebé agradecem.
Como já devem ter percebido, milagres não existem apenas em Fátima, existem em todo o lado. Aos 3 meses, deu-se um milagre na nossa gravidez. Milagrosamente os enjoos da Liliana desapareceram. Bem, isto também pode ser considerado uma benção. Já não sabia o que lhe fazer. E no pós primeiros 3 meses, sem enjoos, toda uma nova vida surgiu. Primeiro, a Liliana passou a aceitar a minha presença junto a ela, sem insultos. Do género “o que é tu me fizeste?”. Sim, nos primeiros 3 meses, eu era o grande culpado da gravidez. Agora já somos os dois. A barriguinha já começou a crescer, já ouvimos e vimos o nosso bebé, tudo começa a ganhar uma nova forma. Não o que vêm aí até ao final da gravidez, mas esta fase está a ser muito bonita. Para os dois. Eu também conheço muito bem a Liliana e sei que ela está muito feliz. Para mim, é quase como uma dupla felicidade. Agora, entre pontapés (parece que o nosso bebé é muito irrequieto), horas em lojas de bebés, planos para o quarto e listas de nomes, a nossa felicidade e ansiedade, mas sem querer deixar de viver este momento, vão aumentando. Sinto-me muito bem neste novo papel, sinto um amor que não tinha sentido antes e também uma espécie de dever cumprido (é difícil de explicar), quase como se fosse deixar algo verdadeiramente meu a este mundo, mais do que histórias ou memórias, mas como uma verdadeira extensão daquilo que sou.
A Liliana faz amanhã 18 semanas de gravidez. Nos já sabemos o sexo do bebé. Mas não posso contar tudo de uma vez 😉 (se quiserem podem tentar adivinhar, têm 50% de hipóteses)