episódio 2: Valença – porriño
Hoje foi um dia de loucos (deu para ver que o coração estava a trabalhar bem). Comecei o dia às 7h (não dormi quase nada porque o colega do beliche ao lado passou a noite a tentar imitar (muitas vezes conseguiu) o barulho de um camião a descarregar pedra (a ressonar como nunca ouvi), saí do hostel (Bluesock, muito bom!) caminhei para a estação de São Bento, aí apanhei o comboio para a estação de Campanha e aí iria apanhar o comboio para Valença. Tudo tranquilo até aqui. Agora o momento chave do dia: entrei o comboio, como faltavam 10 minutos para partir resolvi sair para tirar uma foto com a GoPro, não tinha bateria, voltei a entrar para seguir viagem (já estava sentado), fui à minha mochila para tirar o portátil para carregar a GoPro durante a viagem, e… tão mesmo a ver o que aconteceu….o portátil não estava lá!!! Faltava 1 minuto para o comboio arrancar e não podia deixar o portátil para trás (depois como é que escrevia no blog ), sai do comboio liguei para o hostel, o portátil estava lá (que grande cabeça de atum que eu sou), apanhei um comboio para São Bento, voltei a ir a pé para o hostel e recolhi o portátil. Problema: comboio para Valença só amanhã (ainda pensei adiar um dia e ficar no Porto mais uma noite). Uma pesquisa rápida, na procura de alternativas, um autocarro espanhol a sair na avenida dos aliados para Vigo, nem pensei muito mais, comprei! Toca a fazer mais uma corrida até à avenida dos aliados, apanhei o autocarro e siga para Valença com a bagagem toda.
Cheguei a Valença às 12h20, com o objectivo de terminar o dia em Redondela (sabia que iria ser difícil, mas tinha de tentar). Assim que o autocarro parou, saí disparado em busca de setas do caminho (o terminal fica um pouco afastado do centro). Lá apanhei as setas, que me levaram para a fortaleza e centro histórico de Valença. Uma boa maneira de começar, é muito giro. Segui em direção a Tuí, atravessando o rio Minho pela mítica Ponte Internacional. Ia a todo o gás, sentia-me bem e motivado. Apesar do passo acelerado dava para aproveitar o caminho, o centro histórico de Tuí (muito bonito), os bosques a seguir a Tuí, pequenas povoações e o gás todo nas partes de estrada. Ia com a cabeça em Redondela, era o que tinha programado antes dos percalços da manhã, e segui o plano (mas mais depressa).
Mas o caminho não é dado a planos rígidos, e na vida não se deve tapar um buraco cavando outro ainda maior. O caminho é para se viver, para se sentir, sem pressa de chegar. O caminho, especial como é, encarregou-se de me “dizer” a parvoíce que ia a fazer. Quando ainda estava fresco, passei numa ponte pequenina, com belo riacho, numa zona cheia de sombra, parei dois minutos a correr, sem aproveitar condignamente o local. Depois passei por um casal de meia idade todo sorridente. Percebi estavam a ler passagens de um livro sobre o caminho, passei por eles tipo flash, disse: “buennn camiiinnno” (ia com pressa, mas não perdi a educação) e quando eles me devolveram o comprimento, já devia de ir 50 metros à frente deles, tipo queniano na maratona. Passados uns minutos, pensei: “mas que raio estás tu a fazer!?”. O caminho não stress, não é pressa. O caminho faz-se caminho, com calma, com leveza, com o botão da absorção ligado. Estava a fazer tudo ao contrário. A manhã complicada, não justifica tudo.
Eu fiz o click, e finalmente entrei no caminho, e logo em seguida foi o caminho a dizer-me que não era assim (a versão corrida). Levei uma marretada das grandes. A correria e preocupações da manhã, a parvoíce inicial da parte, e a conjugação das duas coisas fez com me alimentase e hidratasse mal, quase com zero paragens em 20km (com uma mochila grandota nas costas). Os últimos quilômetros até Porriño foram em arrastão, mas podia com as pernas. Quando fiz o click, antes da dor nas pernas, já tinha decidido ficar em Porriño e ir com mais calma. Mas mesmo que não tivesse decidido, era impossível fazer mais 19km até Redondela. Era meia noite e ainda não tinha chegado lá.
Chegado ao hostel, banho, halibut, jantar, chi chi e cama.
Amanhã vai ser com calma e a sentir os cheiros até Redondela. Já esqueci o que tinha planeado. Vou levantar quando tiver que levantar (ter tempo de ver se não deixo nada para trás), para quando tiver que parar e chegar quando tiver que chegar.
Onde dormi: Albergue Camino Portugués, Porriño
Hoje foi um dia de loucos (deu para ver que o coração estava a trabalhar bem). Comecei o dia às 7h (não dormi quase nada porque o colega do beliche ao lado passou a noite a tentar imitar (muitas vezes conseguiu) o barulho de um camião a descarregar pedra (a ressonar como nunca ouvi), saí do hostel (Bluesock, muito bom!) caminhei para a estação de São Bento, aí apanhei o comboio para a estação de Campanha e aí iria apanhar o comboio para Valença. Tudo tranquilo até aqui. Agora o momento chave do dia: entrei o comboio, como faltavam 10 minutos para partir resolvi sair para tirar uma foto com a GoPro, não tinha bateria, voltei a entrar para seguir viagem (já estava sentado), fui à minha mochila para tirar o portátil para carregar a GoPro durante a viagem, e… tão mesmo a ver o que aconteceu….o portátil não estava lá!!! Faltava 1 minuto para o comboio arrancar e não podia deixar o portátil para trás (depois como é que escrevia no blog ), sai do comboio liguei para o hostel, o portátil estava lá (que grande cabeça de atum que eu sou), apanhei um comboio para São Bento, voltei a ir a pé para o hostel e recolhi o portátil. Problema: comboio para Valença só amanhã (ainda pensei adiar um dia e ficar no Porto mais uma noite). Uma pesquisa rápida, na procura de alternativas, um autocarro espanhol a sair na avenida dos aliados para Vigo, nem pensei muito mais, comprei! Toca a fazer mais uma corrida até à avenida dos aliados, apanhei o autocarro e siga para Valença com a bagagem toda.
Cheguei a Valença às 12h20, com o objectivo de terminar o dia em Redondela (sabia que iria ser difícil, mas tinha de tentar). Assim que o autocarro parou, saí disparado em busca de setas do caminho (o terminal fica um pouco afastado do centro). Lá apanhei as setas, que me levaram para a fortaleza e centro histórico de Valença. Uma boa maneira de começar, é muito giro. Segui em direção a Tuí, atravessando o rio Minho pela mítica Ponte Internacional. Ia a todo o gás, sentia-me bem e motivado. Apesar do passo acelerado dava para aproveitar o caminho, o centro histórico de Tuí (muito bonito), os bosques a seguir a Tuí, pequenas povoações e o gás todo nas partes de estrada. Ia com a cabeça em Redondela, era o que tinha programado antes dos percalços da manhã, e segui o plano (mas mais depressa).
Mas o caminho não é dado a planos rígidos, e na vida não se deve tapar um buraco cavando outro ainda maior. O caminho é para se viver, para se sentir, sem pressa de chegar. O caminho, especial como é, encarregou-se de me “dizer” a parvoíce que ia a fazer. Quando ainda estava fresco, passei numa ponte pequenina, com belo riacho, numa zona cheia de sombra, parei dois minutos a correr, sem aproveitar condignamente o local. Depois passei por um casal de meia idade todo sorridente. Percebi estavam a ler passagens de um livro sobre o caminho, passei por eles tipo flash, disse: “buennn camiiinnno” (ia com pressa, mas não perdi a educação) e quando eles me devolveram o comprimento, já devia de ir 50 metros à frente deles, tipo queniano na maratona. Passados uns minutos, pensei: “mas que raio estás tu a fazer!?”. O caminho não stress, não é pressa. O caminho faz-se caminho, com calma, com leveza, com o botão da absorção ligado. Estava a fazer tudo ao contrário. A manhã complicada, não justifica tudo.
Eu fiz o click, e finalmente entrei no caminho, e logo em seguida foi o caminho a dizer-me que não era assim (a versão corrida). Levei uma marretada das grandes. A correria e preocupações da manhã, a parvoíce inicial da parte, e a conjugação das duas coisas fez com me alimentase e hidratasse mal, quase com zero paragens em 20km (com uma mochila grandota nas costas). Os últimos quilômetros até Porriño foram em arrastão, mas podia com as pernas. Quando fiz o click, antes da dor nas pernas, já tinha decidido ficar em Porriño e ir com mais calma. Mas mesmo que não tivesse decidido, era impossível fazer mais 19km até Redondela. Era meia noite e ainda não tinha chegado lá.
Chegado ao hostel, banho, halibut, jantar, chi chi e cama.
Amanhã vai ser com calma e a sentir os cheiros até Redondela. Já esqueci o que tinha planeado. Vou levantar quando tiver que levantar (ter tempo de ver se não deixo nada para trás), para quando tiver que parar e chegar quando tiver que chegar.
Onde dormi: Albergue Camino Portugués, Porriño