Uma viagem especial como esta, tem começar num lugar especial. Cristo Rei da Matagosa. É espécie de “pequeno segredo” de Abrantes. Poucos são as pessoas do sul e centro do concelho que conhecem este lugar. Acredito que seja o ponto mais alto de todo o território, que o transforma numa espécie de anfiteatro (ou miradouro), para a albufeira de Castelo de Bode e para as aldeias escondidas no meio da densa floresta. Demorem o tempo que quiserem a sentir a paisagem. Esta road trip é para ser feita devagar, sem pressa.
Depois de descer do cume do Cristo Rei, é seguir viagem pelas bonitas aldeias junto à albufeira. Com o azul das águas a misturar-se com verde da floresta. As primeiras aldeias vão ser Matagosa e Água das Casas. Para mim, duas simples e icônicas aldeias. Têm uma genuinidade quem me encanta, e uma espécie de charme rural, elevado pela paisagem arrebatadora que as envolve. Um cuidado. Se fizerem esta viagem no Verão, poderão apanhar as festas anuais destas aldeias. Correm um sério risco de a viagem acabar aqui. É que as festas de Verão do Norte do concelho são tão giras, que podem não querer sair de lá e esquecer por completo a road trip. Então a festa de Água das Casas, é uma coisa extraordinária.
Depois de passar Água das Casas, é seguir por uma pequena estrada de terra batida até à aldeia das Fontes. Calma, não é preciso um carro de combate para passar nesta estrada. O piso é bom. Estão a seguir pelo caminho da Grande Rota do Zêzere, que segue paralela desde a nascente até à foz do rio Zêzere. Ao chegarem às Fontes, existem dois pontos obrigatórios. A Tasquinha da Aldeia, para mim, um dos melhores restaurantes de todo o concelho, e o miradouro da aldeia, que também é o adro da igreja. Um vista monumental.
Depois das Fontes, o vosso GPS deve apontar para Aldeia do Mato. Provavelmente a mais conhecida aldeia do norte do concelho, muito por culpa da bonita praia fluvial. Também tem outros serviços, como restaurantes, tem um hotel e unidades de turismo rural, uma pequena marina e até um cable park para a prática de Wakeboard. Mas antes de chegarem a Aldeia do Mato, ainda tem paragens obrigatórias em Carvalhal, a maior aldeia que irão encontrar nesta primeira etapa, e na Cabeça Gorda, que tem a particularidade de ter acesso (de barco ou a nado) a uma pequena ilha no meio da albufeira. É local de paragem obrigatória no Verão, para um belo mergulho.
Todos os pequenos vislumbres de água são pretextos para uma paragem. Existem muitos outros lugares especiais por aqui (Maxial do Além ou Cabeça Ruiva, são exemplos). A viagem a norte, termina na Aldeia do Mato, é tempo de seguir para sul.
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Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.