As Casas do Juízo confundem-se com aldeia do Juízo. A sua aldeia. O nome do Juízo não vem propriamente do Juízo, embora esse valor seja sempre inerente a qualquer momento (seja em qualidade ou em defeito), vem sim de um juiz que em tempos viveu por ali. E assim ficou o nome da aldeia, em memória de tão afamada personalidade. Estive lá com a minha Liliana neste Verão e posso dizer que criei um afecto especial com este lugar.

Fica em território das Aldeias Históricas, a meio caminho (como quem diz 20 minutos) de lugares também especiais como Trancoso, Marialva ou Castelo Rodrigo. A aldeia, sofre do mesmo mal que muitos lugares do interior do país, pouca gente se fixa por ali. Não obstante a isso, a grande parte das casas da aldeia estão muito bem cuidadas, levando a que o emaranhar pelo interior da aldeia seja tanto agradável como fotogénico. O projeto Casas do Juízo é constituído, no momento, por 5 casas (em breve serão mais). Bem no centro da aldeia. Lá está, confunde-se com a aldeia. Fruto do imaginário do sr. José, filho da terra, e sua esposa. Que sabiamente fazem questão de receber as pessoas, como se recebe alguém em sua casa. Acreditem, conseguir provocar este sentimento afável não é assim tão linear e muito menos é industrial. É uma espécie de amor verdadeiro, em que só e tão só o amor verdadeiro consegue, quase que por osmose, ser transmitido a quem chega. Para mim, o verdadeiro encanto do turismo rural, muitas vezes bem qualificado como: genuíno. Outra das grandes qualidades da visão do sr. José para o seu projeto, foi ter conseguido cativar dois jovens, a Daniela e o André, para trabalhar consigo. Funcionando como uma espécie de ar fresco, não só para as Casas, mas também para a aldeia. Com toda esta frescura e irreverência da juventude, levou à criação a Taberna do Juíz. Uma taberna, ligada às Casas, que serve refeições e eleva os produtos e saberes da região.

Esta antiga vila romana e antiga morada de um juíz, é um viagem. Uma viagem ao passado, com um olhar futurista. Aquele olhar que valoriza o que faz de nós diferentes. E se essa viagem for conduzida pelo sr. José melhor ainda. Foi o que nos aconteceu. Contou-nos histórias da aldeia, mostrou-nos pormenores invisíveis ao olhar comum, abriu as portas da capela da aldeia, falou-nos dos momentos passados no largo do forno comunitário e do vinho que foi feito no antigo lagar de vinho, totalmente recuperado (muito interessante) e guiou-nos numa visita em volta da aldeia, lá está, numa viagem ao passado, entre vinhas e terras de cultivo, onde o meu imaginário me levou a sentir os carros de bois a levar as colheitas para a aldeia, as mulheres a lavar as roupas na ribeira ou os jovens a percorrem os caminhos rurais em direção a povoações com maior dimensão. Hoje muitos destes caminhos, carrregados de histórias e saberes, fazem parte da Grande Rota das Aldeias Históricas.

Durante esta nossa curta e intensa jornada pelas Casas e aldeia do Juízo, ainda visitámos Trancoso e Marialva. Foram momentos de absorção pura, de uma riqueza quase extrema, que me provocaram o sentimento de querer voltar (rapidamente).

Genuíno e encantador, assim descrevo este lugar e a sua gente.


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CASAS DO JUÍZO

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Juízo Pinhel – Portugal
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