Existem perguntas para as quais não temos resposta. Quando me perguntam: “porque gostas tanto de Paris? O que tem de tão especial?”. Não tenho uma resposta certa. Poderia dizer que era pela Torre Eiffel, pelo Louvre, pela ligação do rio à cidade, pela história, pelo clima, pela arquitectura…podia estar aqui meia hora e dizer 1000 coisas diferentes. Mas nenhuma corresponde à resposta certa. No máximo, provavelmente é a resposta certa, todos esses pontos juntos correspondem à razão de Paris ser tão especial. Pela 3a vez (embora um tenha sido, quase em exclusivo, dedicada à visita de uma feira) no espaço um ano que visito Paris. Na semana passada, estive 4 dias em Paris com a minha Liliana. Dissemos que queríamos voltar para ver as luzes de Natal. Na verdade, estávamos era com saudades de Paris.
Existe uma coisa que não muda e para a qual só tenho uma resposta. Quando me perguntam: “a melhor coisa para fazer em Paris?”. Respondo sempre: “ser parisiense!”. Andar pelas ruas, beber café (ou um copo de vinho) num café da cidade, passear junto ao rio, ir ao mercado ao Sábado de manhã ou ir um dos muitos parques da cidade. Deixo sempre Paris com a sensação “podia viver aqui durante uns tempos”.
Nesta na visita ficámos no Hotel Villa Saxe, no 7º arrondissement, bem pertinho da Torre Eiffel, num bairro super familiar, onde é fácil ser-se parisiense. O hotel é super recente e super boa pinta, mas tal como um bom português que sou, conquistou-me pela boca. Belo pequeno almoço! Ainda para mais, numa sala muito bonita e super aconchegante, sem ser um processo industrial, era quase como fazer um pequeno almoço gigante em nossa casa. Uma das boas surpresas em relação à localização deste hotel, deu-se no Sábado de manhã, em a gigante, mas até ali vazia, praça localizada à sua frente, se transformou num “fofinho” mercado de fim de semana. Neste mercado, ao contrário da maioria (pelo menos em Portugal), quase não tinha roupa ou quinquilharia. Era focado na comida. Bancas de comida já feita, com megas frigideiras a marinar os cozinhados. Nem é preciso dizer, que o cheiro a comida dominava o mercado, onde o difícil era identificar qual a especiaria do momento. Existiam outras bancas gigantes com produtos da horta, outras com mariscos (sim, mariscos), outras com queijos, outras com carne, outras com peixe. Pronto, existia ali de tudo um pouco. Mas com super bom aspecto, quase que dava vontade de comprar para trazer para casa (sim, levar para Portugal).
Visitámos a Torre Eiffel à noite, à noite tem outro encanto, embora a melhor forma (e mais fotogênica) de apreciar este icónico monumento, seja ao longe (de perto é demasiado grande). Passeamos junto ao rio de mão dada. Passear junto ao Sena de mão dada, é romance no seu estado mais puro. Senti-me várias vezes num filme lamechas, mas que todos assistimos até ao fim, a torcer para que eles fiquem juntos para todo o sempre. Descemos os Champs-Élysées. Aqui os olhos da Liliana brilham com uma intensidade diferente. Lojas e mais lojas, onde as grandes marcas não têm uma simples loja, têm edifícios, onde, parece, que quem tem mais luz é que ganha (mas sem ser piroso. Isto é Paris, lembram-se?). Andámos a roda gigante e para mim não foi romântico. Acredito que seja, muito, para 99% da população mundial. Confesso que tenho vertigens, as alturas não são o meu forte e não foi grande experiência para mim. De vez em quando lá estreitava (sem me mexer muito, para não abanar a cabine) e realmente tem uma vista impressionante do ponto mais alto (para quem tem vertigens como eu, aquilo dá duas voltas…quando passou a primeira vez pelo ponto de partida, pensei que a roda estava avariada e a seguir em rumo 🙂 ). Percorremos as ruas de Montmartre, outrora percorridas por famosos artistas. Entre ver as vistas sobre Paris ao Sacré-Coeur, as ruas históricas e o Moulin Rouge, confesso que não é que mais gosto de Paris, demasiada gente, demasiado turístico. Assistimos ao pôr-do-sol nos Jardins des Tuileries, junto ao Louvre, que nunca desilude, com o seu encanto especial. Almoçamos num café do bairro de Saint-Germain-des-Prés, que confesso seu o bairro favorito e talvez o mais parisiense de todos (a razão está aqui). Aqui os parisienses ganham aos turistas. Snobs e simpáticos, artistas e pseudo-artistas, com alta costura ou mais alternativo. Existe de tudo um pouco, mas dá para ver, de caras, que são parisienses. É esse o meu desporto oficial em Paris, disfarçar-me de parisiense (nem levo máquina fotográfica) e observar. Enfim um role de coisas boas, sob um clima intenso de romance.
É difícil não ser romântico em Paris. É difícil para um apaixonado, não ficar apaixonado por Paris.
Em Paris vai ser sempre um à bientôt (até breve)!