Encontrei-me com o rapaz do retrato num normal dia do ano de 2019. Era início de tarde, estava frio. Estávamos os dois no parque de estacionamento da praia do Baleal. Ele ia surf. Eu ia vê-lo viver. 

Equipou-se perto no carro, cumprimentou todos os que estavam à sua volta. Tinha a prancha no tejadilho do seu carro. Pegou na prancha e caminhou descalço para a praia. A praia estava vazia. Aproximou-se do ponto imaginário que representava o centro da praia, pousou a prancha e alongou. Além de alongar, senti-o a cumprimentar o mar. Como alguém cumprimenta um amigo. “olá. estás bom? o que fizeste hoje? está tudo bem?”. Coisas do género. Senti cumplicidade. Depois do alongamento e cumprimento, caminhou e entrou no mar. Não o senti como um atleta ou a querer mais do mar do que a simplicidade que lhe estava a oferecer. Fiquei, a relativa distância, sentado na areia a admirar esta ligação.

 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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