Decido “embarcar” no caminho que me iria levar até Foz d´Égua. Pouco mais de 3km separam estas aldeias por este caminho. Em boa hora o fiz. Chegar a Foz d’Égua é chegar um cenário que oscila entre o Senhor dos Anéis e a Guerra dos Tronos. Que lugar incrível. Parece um segredo dentro de outro segredo. Pontes de pedra, uma ponte suspensa de madeira, o som da água da ribeira, a água cristalina, tudo cuidadosamente alinhado, a roçar o difícil de descrever, porque certamente ficará aquém da realidade. Talvez isso seja bom. A surpresa será sempre garantida. Estava, mais uma vez, sozinho na aldeia. Sentia-me como o Frodo no Shire (o Shire é o lugar encantado onde os hobbits vivem). Queria ver todos os cantos, tocar em todas as pedras e ver onde vão dar todos os riachos. Quanto a adrenalina desceu, sentei-me uma pequena ponte, com os pés a baloiçar sobre a água e a sentir-me abençoado. Abençoado por poder ver e sentir lugares como este. Por ter o privilégio de poder desligar o relógio e deixar o tempo passar e poder, simplesmente, ver e ouvir a água a passar. Que lugares como este perdurem para sempre.
Já de regresso e depois de ter feito novamente o caminho de volta (existe a opção de fazer o percurso circular passando também pela aldeia de Chãs d’Égua), sentia-me envolvido por uma espécie de magia. Sentia que tinha acabado de sair de um universo paralelo. A grande diferença deste sentimento em relação a outras viagens pela minha imaginação, é que o tinha acabado de viver era real.
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Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.