Interior Selvagem. Aquele cantinho perdido que parece um tesouro. E o território das Aldeias do Xisto é isso mesmo, várias mãos cheias de pequenos tesouros.

As estradas são sinuosas, a vegetação é densa, não existem praias (de mar) e muito menos centros comerciais, a internet é, muitas vezes, uma miragem e o movimento humano é reduzido. Aos olhos da sociedade, estas características são a definição do interior de Portugal. Mas, para mim, o interior é sinónimo de coração, de verdade e autenticidade. É sinónimo também de natureza, ribeiras de água translúcida, de ar puro, gente boa, e também de economia de sustentabilidade, onde muitos plantam o que comem. Também sinónimo de tranquilidade e liberdade. Liberdade em todos os sentidos, desde a segurança, até aos espaços abertos e quase virgens, fazendo os seus habitantes uns seres exploradores. Liberdade também dirigida ao tempo, que nestes pequenos tesouros parece correr mais devagar, dando, a quem lá vive, mais tempo para momentos importantes, como conversas e abraços.

Para mim, este selvagem, não é sinónimo de estranheza ou afastamento, ou até medo de uma dose de desconhecido. É sinónimo de magnetismo, como íman que me atrai para lá, e que depois da conexão feita, provoca um prazer em mim que o defino como tranquilidade. Uma tranquilidade só possível em lugares aos quais chamamos de casa. Talvez também seja eu um selvagem. Um selvagem do interior.

 

 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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