Se tivesse que escolher, em 5 segundos, uma palavra para definir a minha experiência no Luz Houses, a palavra (tão especial) seria: casa. Primeiro, porque desejava que a minha casa fosse assim 😉 . Cada pormenor, cada recanto. Segundo, porque fui recebido como se recebe alguém em sua casa. Do melhor. O Luz Houses é um pequeno hotel de charme, fica em Fátima, tem 15 quartos e é uma espécie de rockstar dos intitulados boutique hotel. Estive lá dois dias e adorei.

Cheguei ao Luz Houses à hora de almoço de uma quarta-feira, com saída planeada para a hora de almoço do dia seguinte. Tinha planeado uma ida ao Santuário, à Serra d’Aire e Candeeiros, jantar não sei onde…enfim, resultado final: não “consegui” sair do Luz. Fui muito bem recebido pela Vanessa, Liliana e Carolina que orientaram os passos da minha estadia (ou será experiência!?). São apenas 3 das 10 meninas que fazem parte do staff do Luz. Em comum, todas têm o sorriso, um bonito macacão vestido e belo sapato “old school” a condizer. Em seguida aparece o Pedro, o proprietário, ex-gestor, que parece-me que partilha comigo o lado sonhador, para uma boa conversa. Descobri que foi a esposa do Pedro, a Ana, arquiteta, que idealizou o projeto, no qual procurou recuperar as raízes da construção da região e uni-las ao design e necessidade de conforto actual. Conseguiu. Ao Pedro, sonhador, à Ana, criativa, e à simpática equipa (de meninas), junta-se a talentosa dupla Iznogud, na decoração. Desta mistura toda, resulta um romântico “boa pinta” Luz Houses”. Mais uma vez confirmo, são as pessoas que fazem a diferença.

O Luz visto da estrada, com o seu portão azul água, com um coração recortado, com a palavra “Luz” no meio, e com muro em pedra a limitá-lo, pouco dá nas vistas, mas quando o portão se abre, utilizando uma linguagem “fatimiana”, parece que estamos a entrar num pequeno segredo, numa espécie pequeno Mundo encantado. O Luz parece uma mini aldeia, daquelas que (penso que) todos gostaríamos de viver. Os quartos não são quartos, são pequenas casas, com pequenas ruas a ligá-las. Como boa “aldeia” que é, tem uma recepção disfarçada de mercearia, uma sala de estar em que apetece descalçar os sapatos e já não sair de lá, um espaço de refeições do mais fofinho que existe, uma piscina que é o tanque mais giro que eu já vi, tem ainda uma Ermida, bem, nem sei como descrever esta ermida, talvez muito bonita não chegue,  e, como cereja no topo do bolo, tem uma floresta sem fim nas suas traseiras. Sim, sem fim.

Por aqui não existe pressa. É um lugar para se viver. Fátima está ali ao lado, existe uma ligação, mas é uma ligação sem compromisso. Descomprometida. Passei a tarde do primeiro dia entre pequenas conversas, chás, bolinhos e pequenos passeios. Se tivesse que fazer agora um top 10 de lugares ideais para ler um bom livro, o Luz estava lá com toda a certeza. Parece que foi feito para isso. Para relaxar. Nos passeios, não poderia faltar uma ida à Ermida. Um local do mais intimista que pode existir, com uma parede em vidro, com vista para a o bosque das traseiras e um pequeno anfiteatro, com bancos feitos de palha. Continuando o passeio, seguiu-se a zona da piscina, a lembrar um tanque do passado, parece uma pequena caixa de música construída com pedra da região e com uma criação (penso que da arquiteta Ana) em madeira no seu topo. Muito apetecível. No final do passeio da tarde, descobri o que se pode chamar de: “segredo dentro de um segredo”, debaixo de uma grande árvore existe uma pequena gruta, cheia de velas. Chama-se Luz Senses e aqui poderá receber uma massagem, onde o seu corpo elevará o prazo de validade (não contem a ninguém…quer dizer, podem contar a quem gostam. Este lugar não é secreto, mas é sagrado 😉 ).

No final do passeio fez-se noite e nasce um novo Luz. Como assim? Não deixa o nome só pelo no pelo nome, e a iluminação das pequenas ruas do Luz, fazem de caminhar entre elas uma experiência a não perder. Neste momento, já estava a pensar “vivia aqui sem problema nenhum”, a tal velha história de quando uma pessoa se sente bem, sente-se em casa.

O Luz não tem restaurante, mas serve refeições. Estranho? Não. É como em casa, quando recebemos amigos para lanchar, mas com uma boa conversa, quando damos por ela, já é noite e hora de jantar. Acabamos por jantar todos juntos. Aqui é muito parecido, gosta-se de estar, não se quer sair e acabamos por jantar. Estão disponíveis ligeiras refeições, essencialmente para partilhar. Saladas, tábuas de enchidos e queijos, pequenas tapas que não deixam ninguém ficar mal, sempre acompanhadas por um bom vinho. E depois, o espaço é belíssimo, a elevar todos os sentidos da partilha à mesa. Mais uma vez, senti-me em casa.

Sim, para além de todas as coisas boas também dá para dormir (bem) no Luz. Findo o jantar segui para a minha “casinha” na aldeia” encantada. A toada mantém-se. Do mais fofinho que pode existir. Passado e futuro de mãos dadas. E prémio para melhor fusão da banheira com o resto do quarto. Esqueçam anexos com casa de banho, isto é arte! 

No dia seguinte, a viagem pelo Luz Houses, continuou ao mais alto nível, primeiro com um pequeno almoço, com tudo aquilo que se pode pedir num (bom) pequeno almoço, quase a roçar um brunch. Mas se do pequeno almoço já desconfiava que vinha aí coisa boa, o que se seguiu foi completa (e muito agradável) surpresa. Na conversa do dia anterior com o Pedro, em que falávamos sobre o que fazer por aqui, ele referiu-me uma caminhada até um local chamado Calvário dos Húngaros, não como recomendada, mas como obrigatória. Ele disse-me mais ou menos como se ia para lá, mas confesso que, na altura, não registei bem. Nesta manhã perguntei à menina na recepção, novamente, o caminho para o Calvário. Muito simpática, lá me disse: “vai até à nossa Ermida, depois segue em frente, quando encontrar alguma intersecção, segue sempre pela esquerda”. E eu lá respondi: “ok, existe um portão lá atrás? Posso sair à vontade?”. Ao que ela me respondeu: “Não existe nenhum portão, é sempre em frente”, com um sorriso nos lábios, já a adivinhar o que eu iria viver. Fiquei com a pulga atrás da orelha, mas lá segui até à Ermida. Depois da Ermida num caminho aberto entre murros, começa uma espécie de bosque, cada fez mais fechado, mas muito bonito. Aqui tive a certeza, o Luz Houses não tem uma porta de saída. Tal como num (bom) filme de ficção cientifica, no final do Luz Houses parece que entramos numa outra dimensão, paralela à real. Continuei o caminho pelo bosque, até que lá no alto, entre as árvores, surge o Calvário Húngaro. Representa o final da via-sacra dos Valinhos e foi oferecido a Fátima pelos refugiados húngaros da segunda guerra mundial (daí o nome). Todo este espaço, independentemente das crenças de cada um, representa uma paz incrível. Como fica lá no alto, também tem uma vista muito bonita sobre Fátima e a sua Catedral. Tudo isto na tal dimensão paralela. Lá voltei ao bosque, percorri o caminho de volta e voltei a entrar na dimensão real. Tive que sorrir com o que tinha vivido ou imaginado. Absolutamente mágico. Não conheço nada sequer parecido.

Voltei estarrecido para a minha “casinha”. A experiência Luz Houses estava a terminar, mas estava comigo, estava aquele sentimento de dever cumprido. A experiência tinha sido incrível.

Acho que não é preciso dizer que adorei este Luz Houses e vos aconselho a irem lá, quem sabe, já amanhã. Pois não?

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#FORA DO LUZ HOUSES

-> SANTUÁRIO DE FÁTIMA – obrigatório. Independentemente de crenças, religiões e afins, não é aconselhado ir a Roma e não ir à Basílica de São Pedro. Aqui é parecido. 

-> TRIÂNGULO CULTURAL – Fátima tem uma localização quase perfeita, por vários fatores. Um deles é ficar a cerca de 25 minutos de carro de 3 edifícios de interesse quase inigualável e com mais de 1000 histórias para contar. O Convento de Cristo, em Tomar, o Mosteiro da Batalha e o Mosteiro de Alcobaça. Todos Património Mundial. Se ficar mais de dois dias no Luz, é obrigatório.

-> CAMINHOS DE FÁTIMA – Existem vários, mas destaco 3 devidamente marcados. Caminho que vem Lisboa para Fátima (Caminho de Santiago), Caminho da Nascente, que liga Tomar a Fátima (1 dia a caminhar) e Caminho Poente, que liga Fátima à Nazaré (2 dias a caminhar). Todos super interessantes, para serem feitos a pé ou de bicicleta.

-> SERRA D’AIRE E CANDEEIROS – Santuário natural mesmo ao lado de Fátima. Perfeito para caminhadas, passeios de bicicleta, visitas a grutas ou simplesmente para uma pequena road trip. Lindíssimo.

-> PRAIA – Fátima? Praia? A Nazaré fica a uns ligeiros 50km de Fátima. Para quem visita no Verão, é obrigatório um mergulho, para quem visita no Inverno, é obrigatório ir ver as ondas (ou mesmo levar a prancha 😉 ).

#CONTACTOS

Luz Houses

Morada: Rua Principal nº 78 – Moimento 2495-650 Fátima

Tel.: 249 532 275

Email: info@luzhouses.pt

Site: www.luzhouses.pt

Facebook: @luzhouses

Instagram: @luzhouses