episódio 4: PICOS DA EUROPA – SANTANDER

Acordava no Camping Picos da Europa. Era a minha quarta noite no meu castelo andante Indie Campers. Sentia um misto de saudosismo e cansaço. Por um lado, já me estava a habituar a esta vida itinerante de caravanista meio selvagem e à minha casa andante, mas por outro sentia-me um pouco sozinho, o que elevava pequenos problemas a coisas aborrecidas. Nunca tive problemas em fazer amigos em viagem, mas aqui estava difícil de acontecer. Começava a chegar à conclusão que esta coisa do caravanismo não funciona na perfeição em solitário. Pelo menos para mim. Estava a viver uma aventura fantástica, por lugares maravilhosos, mas precisava de falar com alguém sobre isso (não, as partilhas no meio digital não contam…nem os telefonemas para a família). Aquela lógica de “a felicidade só é verdadeira quando é partilhada”, aqui, faz sentido.

Sabia que iria terminar o dia em Santander. Sabia que não voltaria a ficar em um parque de campismo. Por isso, antes da partida do Camping, tive de fazer umas rotinas caravanistas. Despejar as águas sujas, colocar água limpa no depósito. E claro, tomar um banho, que amanhã não iria existir uma casa de banho com água quente à “porta de casa”.

Lá deixei o Camping, era meio da manhã. Iria seguir numa estrada paralela aos Picos da Europa e lá para o final dessa estrada, iria deixar as Astúrias e entrar na Cantábria. Foi sem grandes dúvidas, a mais bonita estrada por onde circulei nesta viagem (e olhem que passei por muito lugares bonitos!!). Verde, riachos, precipícios, montanhas, neve, aldeias muito bonitas…enfim, difícil não ficar extasiado. Perdi conta às vezes que parei. A dado momento deixei de tirar fotos. Apenas queira respirar (ou aproveitar) o momento. Almocei em Las Arenas. Tirando Cangas de Onís, foi a “aldeia” com maior movimento que encontrei nos Picos. Entre outras coisas interessantes, é dali que sai o funicular (uma espécie de metro da montanha) em direção à mítica aldeia de Bulnes, no coração dos Picos. Fiquei com uma pena de não ir lá, que nem imaginam. Mas o objetivo desta viagem era a estrada, por isso Bulnes vai ter que ficar para outra viagem. E espero chegar lá a pé e não de funicular. Deve ser um caminho lindo.

Continuei caminho e num ápice, deixei as Astúrias e entrei na Cantábria. Adorei as Astúrias. As aldeias piscatórias, o mar, as cidades, o verde, as aldeias, os Picos, tudo a variar em poucos quilómetros, deixou-me rendido. Sentia nesta altura, que seria difícil de igualar tal sentimento durante esta viagem. Apesar da proximidade e dos Picos se manterem como pano de fundo, a paisagem cantabrica é completamente diferente da asturiana. Mas com uma coisa em comum, a mudança e contrastes gigantes em poucos quilómetros. Ainda mal tinha deixado a neve e a montanha, e já estava ao pé o mar.

Parei pela primeira vez em Comillas. Bonita vila, com um centro histórico interessante (pelo menos foi o que me pareceu na vista rápida que lhe lancei) e uma praia que parece ser agitada nos meses de Verão. A julgar pelas estruturas de apoio, hotéis ou casas de férias. A malta deve parar por aqui no Verão. Parei mesmo em frente à praia “urbana”. Apesar do dia meio cinzento, típico de inicio de Primavera, já se via alguém mais corajoso, ou com uma saudade desmedida do Verão, a arriscar no “tronco nu” na praia. Ainda fiquei por ali um tempo, sentado na entrada do meu escritório, a ouvir o som das ondas do mar. Já sabia, que seriam estes momentos que mais iria recordar e, consequentemente, mais falta iria sentir. A facilidade de colocar a “casa” no local mais bonito é, quase, inacreditável. Há 1 hora tinha a janela de “casa” com vista para montanha. 1 hora depois, tinha a janela com vista para um imenso mar. A “casa” era mesma.

Deixei Comillas e o cheiro o mar (quer dizer, esse não foi embora completamente). A próxima paragem seria poucos quilómetros à frente. Quanto no facebook as pessoas que já conheciam esta zona viram por onde andava, soltaram uma palavra em uníssono: “SANTILLANA!”. Do género, “livra-te de passares aí perto e não parares em Santillana del Mar”. Juro que nunca tinha ouvido falar nesta bonita povoação. Nas primeiras pesquisas no amigo Google, as referencias eram quase sempre as mesmas, um dos pueblos mais bonitos de Espanha. Pois bem, é claro que parei. E, realmente, é um pueblo mus hermoso (nesta altura do campeonato já tratava o castelhano por tu). Super, mas mesmo super, arranjadinha, sem um pinga de sujidade. Entre o mar e as montanhas (onde os picos com neve se vêm perfeitamente da aldeia), um conjunto de casas ao melhor estilo medieval. Confesso que a primeira vez que ouvi ou li Santillana del Mar, a minha cabeça ligou a qualquer coisa tipo Benidorm do Norte de Espanha, talvez pelo “del Mar” (nome muito ao estilo das discotecas de Verão dos anos 90). Mas não, saí-me uma aldeia ao melhor estilo de filme de reis e rainhas, e quase me senti mal por andar por ali de caravana. Ali, era de cavalo que me iria sentir em casa. Muito interessante.

Não podia “perder” mais tempo em Santillana e tinha de seguir para Santander. Já era quase final de tarde e ainda tinha de encontrar um local para estacionar o meu castelo andante para mais uma dormida. Deveriam ser 18h00 quando cheguei a Santander. Provavelmente a maior cidade por onde tinha encontrado até ali, nesta viagem. Cidade moderna. Onde me pareceu que existe qualidade de vida e com uma ligação ao mar bem visível. Para estacionar, o que previa em espaços urbanos. Uma complicação. Quase sempre com sinais a proibir o estacionamento para veículos como o meu. Ou melhor, podia estacionar, não podia era dormir. Como a minha caravana na verdade era carrinha, caso a proibição fosse a caravanas, podia sempre dizer “meus amigos policias espanhóis, isto é uma carrinha”. Mas a proibição delas era pelo peso do veículo, logo, estava lixado (falando depressa). Espertos estes sacanas da lei.

Já farto de andar para trás e para a frente. Estacionei no parque de estacionamento do mítico estádio El Sardinero, do Racing Santander. O parque, apesar de também ter a tal proibição do peso, estava quase vazio e era enorme. Por lá estava um companheiro caravanista pronto para passar a noite, nem pensei mais, “vai ser aqui!”. Ainda deu para uma pequena voltinha a pé pelas redondezas. O estádio fica a cerca de 200m da praia, El Sardinero, e é uma baía/praia de cidade muito bonita. Muita gente a correr na avenida, algumas já a banhos. Senti-me bem por ali. O tempo era curto, mas esta Santander pareceu-me muito interessante, mais do que visitar, para viver.

Com o anoitecer voltei para o meu chalé. Não sei se pelo medo que chegasse o reboque da policia lá do sítio e me levasse a “casa”, por estar “ilegal” ou pelo muito vento que fez nessa noite (acho que foi mais por aqui…quase que o castelo levantou voo), foi a noite em que dormi prior.

No dia seguinte iria entregar a minha casa itinerante em Bilbao. (sim, já estava com o sentimento “nostalgia” a apoderar-se de mim)

Acordava no Camping Picos da Europa. Era a minha quarta noite no meu castelo andante Indie Campers. Sentia um misto de saudosismo e cansaço. Por um lado, já me estava a habituar a esta vida itinerante de caravanista meio selvagem e à minha casa andante, mas por outro sentia-me um pouco sozinho, o que elevava pequenos problemas a coisas aborrecidas. Nunca tive problemas em fazer amigos em viagem, mas aqui estava difícil de acontecer. Começava a chegar à conclusão que esta coisa do caravanismo não funciona na perfeição em solitário. Pelo menos para mim. Estava a viver uma aventura fantástica, por lugares maravilhosos, mas precisava de falar com alguém sobre isso (não, as partilhas no meio digital não contam…nem os telefonemas para a família). Aquela lógica de “a felicidade só é verdadeira quando é partilhada”, aqui, faz sentido.

Sabia que iria terminar o dia em Santander. Sabia que não voltaria a ficar em um parque de campismo. Por isso, antes da partida do Camping, tive de fazer umas rotinas caravanistas. Despejar as águas sujas, colocar água limpa no depósito. E claro, tomar um banho, que amanhã não iria existir uma casa de banho com água quente à “porta de casa”.

Lá deixei o Camping, era meio da manhã. Iria seguir numa estrada paralela aos Picos da Europa e lá para o final dessa estrada, iria deixar as Astúrias e entrar na Cantábria. Foi sem grandes dúvidas, a mais bonita estrada por onde circulei nesta viagem (e olhem que passei por muito lugares bonitos!!). Verde, riachos, precipícios, montanhas, neve, aldeias muito bonitas…enfim, difícil não ficar extasiado. Perdi conta às vezes que parei. A dado momento deixei de tirar fotos. Apenas queira respirar (ou aproveitar) o momento. Almocei em Las Arenas. Tirando Cangas de Onís, foi a “aldeia” com maior movimento que encontrei nos Picos. Entre outras coisas interessantes, é dali que sai o funicular (uma espécie de metro da montanha) em direção à mítica aldeia de Bulnes, no coração dos Picos. Fiquei com uma pena de não ir lá, que nem imaginam. Mas o objetivo desta viagem era a estrada, por isso Bulnes vai ter que ficar para outra viagem. E espero chegar lá a pé e não de funicular. Deve ser um caminho lindo.

Continuei caminho e num ápice, deixei as Astúrias e entrei na Cantábria. Adorei as Astúrias. As aldeias piscatórias, o mar, as cidades, o verde, as aldeias, os Picos, tudo a variar em poucos quilómetros, deixou-me rendido. Sentia nesta altura, que seria difícil de igualar tal sentimento durante esta viagem. Apesar da proximidade e dos Picos se manterem como pano de fundo, a paisagem cantabrica é completamente diferente da asturiana. Mas com uma coisa em comum, a mudança e contrastes gigantes em poucos quilómetros. Ainda mal tinha deixado a neve e a montanha, e já estava ao pé o mar.

Parei pela primeira vez em Comillas. Bonita vila, com um centro histórico interessante (pelo menos foi o que me pareceu na vista rápida que lhe lancei) e uma praia que parece ser agitada nos meses de Verão. A julgar pelas estruturas de apoio, hotéis ou casas de férias. A malta deve parar por aqui no Verão. Parei mesmo em frente à praia “urbana”. Apesar do dia meio cinzento, típico de inicio de Primavera, já se via alguém mais corajoso, ou com uma saudade desmedida do Verão, a arriscar no “tronco nu” na praia. Ainda fiquei por ali um tempo, sentado na entrada do meu escritório, a ouvir o som das ondas do mar. Já sabia, que seriam estes momentos que mais iria recordar e, consequentemente, mais falta iria sentir. A facilidade de colocar a “casa” no local mais bonito é, quase, inacreditável. Há 1 hora tinha a janela de “casa” com vista para montanha. 1 hora depois, tinha a janela com vista para um imenso mar. A “casa” era mesma.

Deixei Comillas e o cheiro o mar (quer dizer, esse não foi embora completamente). A próxima paragem seria poucos quilómetros à frente. Quanto no facebook as pessoas que já conheciam esta zona viram por onde andava, soltaram uma palavra em uníssono: “SANTILLANA!”. Do género, “livra-te de passares aí perto e não parares em Santillana del Mar”. Juro que nunca tinha ouvido falar nesta bonita povoação. Nas primeiras pesquisas no amigo Google, as referencias eram quase sempre as mesmas, um dos pueblos mais bonitos de Espanha. Pois bem, é claro que parei. E, realmente, é um pueblo mus hermoso (nesta altura do campeonato já tratava o castelhano por tu). Super, mas mesmo super, arranjadinha, sem um pinga de sujidade. Entre o mar e as montanhas (onde os picos com neve se vêm perfeitamente da aldeia), um conjunto de casas ao melhor estilo medieval. Confesso que a primeira vez que ouvi ou li Santillana del Mar, a minha cabeça ligou a qualquer coisa tipo Benidorm do Norte de Espanha, talvez pelo “del Mar” (nome muito ao estilo das discotecas de Verão dos anos 90). Mas não, saí-me uma aldeia ao melhor estilo de filme de reis e rainhas, e quase me senti mal por andar por ali de caravana. Ali, era de cavalo que me iria sentir em casa. Muito interessante.

Não podia “perder” mais tempo em Santillana e tinha de seguir para Santander. Já era quase final de tarde e ainda tinha de encontrar um local para estacionar o meu castelo andante para mais uma dormida. Deveriam ser 18h00 quando cheguei a Santander. Provavelmente a maior cidade por onde tinha encontrado até ali, nesta viagem. Cidade moderna. Onde me pareceu que existe qualidade de vida e com uma ligação ao mar bem visível. Para estacionar, o que previa em espaços urbanos. Uma complicação. Quase sempre com sinais a proibir o estacionamento para veículos como o meu. Ou melhor, podia estacionar, não podia era dormir. Como a minha caravana na verdade era carrinha, caso a proibição fosse a caravanas, podia sempre dizer “meus amigos policias espanhóis, isto é uma carrinha”. Mas a proibição delas era pelo peso do veículo, logo, estava lixado (falando depressa). Espertos estes sacanas da lei.

Já farto de andar para trás e para a frente. Estacionei no parque de estacionamento do mítico estádio El Sardinero, do Racing Santander. O parque, apesar de também ter a tal proibição do peso, estava quase vazio e era enorme. Por lá estava um companheiro caravanista pronto para passar a noite, nem pensei mais, “vai ser aqui!”. Ainda deu para uma pequena voltinha a pé pelas redondezas. O estádio fica a cerca de 200m da praia, El Sardinero, e é uma baía/praia de cidade muito bonita. Muita gente a correr na avenida, algumas já a banhos. Senti-me bem por ali. O tempo era curto, mas esta Santander pareceu-me muito interessante, mais do que visitar, para viver.

Com o anoitecer voltei para o meu chalé. Não sei se pelo medo que chegasse o reboque da policia lá do sítio e me levasse a “casa”, por estar “ilegal” ou pelo muito vento que fez nessa noite (acho que foi mais por aqui…quase que o castelo levantou voo), foi a noite em que dormi prior.

No dia seguinte iria entregar a minha casa itinerante em Bilbao. (sim, já estava com o sentimento “nostalgia” a apoderar-se de mim)

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