“O (im)possível é a matéria a que aspiramos”, frase de José Luís Peixoto.
Tenho alguma receio de não conseguir passar para palavras o que senti no passado Sábado.
Contextualizando. No passado Sábado fui orador convidado num evento realizado pela associação de estudantes da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes (a minha escola do 10º ao 12º), em Abrantes. Já falei sobre a minha história em outras ocasiões e em eventos parecidos (ou aparentemente parecidos) com este. Quando fui convidado, aceitei sem grandes dúvidas. Era na minha terra, gosto de partilhar, gosto de falar, gosto de conhecer pessoas novas. Tudo normal. Tinha a expetativa de ir lá, contar a minha história, divertir-me, passar um bom bocado, rever a minha antiga escola (que está completamente renovada e não tinha lá voltado desde fui para a universidade) e voltar da casa. Mas não foi assim. O tema do evento era “Inspira-te” e o meu objetivo (e dos restantes 7 oradores) era inspirar uma plateia de cerca de 60 alunos (e alguns professores) da escola, com idades a rondar os 18 anos. Eu tentei inspirar (espero, de coração, ter conseguido alguma coisa), mas quem saiu de lá inspirado fui eu.
De todas as ocasiões em tive a oportunidade de falar sobre a minha história (e do meu blog) e, já foram algumas, foi de longe a que mais me marcou. É claro que o facto de ser em Abrantes, na minha antiga escola e para pessoas de Abrantes teve influência. Mas não foi só isso (claro que não foi só isso). Fui o primeiro a falar. E assim que comecei, senti logo algo de especial. Senti, é de coração que o escrevo, que estavam verdadeiramente a ouvir-me. Todos aqueles com quem o meu olhar se cruzou, estavam comigo. Nem consigo explicar bem isto. Falei durante 45 minutos, com o coração, como é habitual, mas com uma emoção diferente, que espero que não tenha atrapalhado a razão e que tenha cumprido o objetivo de inspirar (nem que seja só um bocadinho). Depois do meu espaço, ocupei o meu lugar na plateia e dediquei-me a observar. Os oradores e os 60 da plateia. Percebi e, já um bocadinho mais esclarecido depois da minha “actuação”, que era um evento especial, mais do que isso, era um evento feito por gente especial.
Passados três dias, ainda penso: “mas que raio se passou ali? que gente especial é esta?”. Sinto um orgulho imenso, imenso, em partilhar a mesma terra com esta gente.
Antes de começar a falar, sendo eu um viajante, perguntaram-me: “se existem lugares mágicos?”..na altura respondi (mais ou menos isto), que não acredito em lugares mágicos, mas sim pessoas mágicas que ocupam (e constroem) lugares. Vocês, para mim, são daqueles que fazem os lugares mágicos. Quase que sinto vontade de voltar à escola para vos conhecer melhor. 😉
Acreditem, vocês podem ser tudo aquilo que vocês quiserem. Muito obrigado por esta experiência.