Olhão e o seu Real Marina, foram os destinos escolhidos para a segunda parte da primeira viagem da minha Alice. Depois de meia semana a vaguear entre Cacela Velha e Tavira, o vento levou-nos quase até ao extremo Oeste na “nossa” Ria Formosa. Chegámos num dia chuva (o único desta nossa viagem) e para ficar quatro dias. Nem a chuva parou o brilho dos olhos ao chegar a esta bela localidade.
O Real Marina Hotel, mesmo em frente à Ria Formosa, do qual se consegue ver o farol da Ilha do Farol, é um velho conhecido. Talvez o principal culpado por Olhão ser um dos meus mais recentes amores. Se me perguntassem há uns anos: “Olhão?”. Só iria conseguir responder um: “nem penses”. Agora está mais parecido com isto: “Onde ir no Algarve?”. A minha resposta: “Olhão!”. Por este amor à terra e à cultura desta gente, e também pelo Real Marina ser uma maravilha para eu e mãe Liliana conseguirmos aproveitar para “fazer coisas normais” nestas férias. Do género mergulhar na piscina, jantar tranquilamente e apanhar Sol. Isto porque, durante a estadia no Real Marina, não nos afastamos 100 metros do hotel. Estava tudo ali. Ou no hotel, ou ao lado do hotel. Começando por aquela vista e brisa da ria, que faz ganhar anos de vida a cada olhar e a cada golpada de vento.
Os nossos dias no Real Marina eram mais ou menos assim, levantar nas calmas, mil e quinhentos beijinhos na Alice (ela é sempre tranquila e bem disposta, mas quando acorda atinge o auge das coisas boas), pequeno almoço de rei (e rainha) no hotel (ainda hoje salivo por ele cada vez que como o meu pão com manteiga em casa), passeio pela marginal de Olhão e ida ao Mercado de Olhão. Aqui tenho de fazer uma pausa. O Mercado de Olhão, e então se for Sábado de feira (como foi o caso), é umas das melhores experiências que me podem dar. A azafama, as pessoas, as cores, sei lá, adoro aquilo. Não íamos cozinhar, logo não iríamos comprar nada, mas mesmo assim, é uma delicia. Religiosamente, todos os dias de manhã fomos ao mercado. Sim, claro que a Alice também foi. E do alto dos seus dois meses, queria ver tudo e nem se atrapalhou com o grito das peixeiras. É claro que quando ela tiver os seus 25 anos (porque aos 18 deve ser muito cedo), o Pai vai dizer-lhe: “tinhas dois meses e 5 dias, quando foste pela primeira vez ao Mercado de Olhão”. Sim, andamos a colecionar “primeiras vezes” de lugares especiais. Seguindo a rotina dos dias de Olhão, depois do mercado e passeio, era tempo de mergulho na piscina e um bocadinho do Sol (a coisa boa de viajar em Outubro, os bebés conseguem estar na rua!), seguido de um ligeiro almoço, daqueles tardios, no bar da piscina. É claro que as refeições da Alice são definidas por ela, mas com a mãe Liliana sempre por perto, é um sem problema. Uma das grandes vantagens da amamentação, para quem viaja é do melhor. Não há biberons, aquecer leite e todas essas rotinas. A Alice tem fome, come (sim, logo ali). Felizmente, sempre foi um desejo nosso (por tudo), a mãe Liliana tem essa capacidade. Depois do almoço, alternávamos entre piscina e quarto. Entre livros, mergulhos, brincadeiras e sestas da Alice. Por volta das 19h, existe a rotina do banho da Alice (ela adora água), que manteve em Olhão, depois a Alice veste a roupinha da noite, “janta” e dorme o soninho preferido dela. Como a Alice, felizmente, dorme muito bem, depois da rotina de início de noite, era colocá-la na alcofa (a sua caminha móvel), os pais vestirem uma roupinha mais bonita e jantar fora, os três (embora só dois estivessem acordados). Sim, volto a dizer: tivemos muita sorte com a “rifa” que nos calhou. Seguindo a lógica do Real Marina, não era necessário pegar no carro para nada, nem andar muito (mesmo com a Alice a dormir, o equipamento e a logística envolve muita coisa…mochilas, carrinho, fraldas, paninhos, mantinhas, chuchas, roupinhas, brinquedos, enfim, muitas coisas). Os nossos jantares foram no Maldoçoade, o novo restaurante do hotel. Uma espécie de mix entre o vanguardismo do melhor conceito urbano e a tradicional cultura olhanense. Começando com arte urbana, da decoração do espaço, inspirada em lendas e mitos lá do sítio. Nos adorámos (ainda suspiro pelos seus hambúrgueres artesanais, misturados com os sabores locais). Por volta das 22h00, recolhíamos ao nosso quarto, com a Alice a dormir, para os seus pais também dormirem. Sim, ser pai recente de uma menina linda tem destas coisas. O dia começa mais cedo, mas também acaba mais cedo. E, não é um problema, é uma felicidade, até diria mais, é uma espécie de benção. Com a agravante “abençoada” de poder viajar com a minha filha, mesmo sendo ela tão pequenina.
E assim foram os nossos dias e a nossa rotina, que apenas foi alterada no último dia (Domingo), onde além da “chatice” da partida, resolvemos inserir um brunch na equação. Sim, aquela coisa que não é um almoço, nem um pequeno almoço, mas que mais parece uma casamento. O Real Marina faz isso todos os Domingos e foi uma espécie de despedida em beleza. Sim, o primeiro brunch da Alice. Vou anotar para não me esquecer de lhe contar quando ela tiver 25 anos.
No final desta primeira viagem da nossa Alice assumo cada vez mais como certa uma expressão que já carrego comigo há uns anos: “a felicidade só é verdadeira quando é partilhada”. Faz cada vez mais sentido.