Pedrogão Pequeno. Freguesia do concelho da Sertã com cerca de 750 habitantes. O Zêzere corre à sua porta em formato de vale e com águas acabadas de transpor a gigante barragem do Cabril. Pertence ao grupo especial das Aldeias do Xisto.

Vamos passar por Pedrogão Pequeno e só podemos escolher um ponto a visitar? Bem, esta pergunta não faz muito sentido. Mas é aplicada aqui para enaltecer um dos pontos mais sui generis, não só de Pedrogão Pequeno, de toda a região. A Ponte Filipina. É incrível. Difícil de lá chegar, quase como um segredo ou baú do tesouro. Ao entrarmos por uma rua estreita da aldeia, em calçada romana e de paisagem densa, é difícil antever o final como um bonito vale, com rio de águas translúcidas a ser transposto por uma bonita ponte arqueada, que parece que foi esquecida no tempo. Acredito que vai existir a expressão de estupefação em quase todas as faces que avistarem esta ponte pela primeira vez. E além da beleza e particularidade, tem uma história bonita, começando pela longevidade da sua construção. Foi construída em 1607, no séc. XVII, para substituir uma antiga ponte romana de madeira, cuja a data de construção se perde no tempo. É conhecida como Ponte Filipina, pois assumiu esta forma no reinado de D. Filipe II, numa época em que Portugal era regido por monarcas de origem espanhola. Voltando à sua origem, como ponte romana, é possível que esta ponte fosse uma transposições chave da via Mérida-Braga, dá para imaginar as histórias que já deve ter vivido. Percebem o porquê da primeira pergunta deste parágrafo?

Pedrogão Pequeno, talvez pela proximidade de minha casa, talvez pelos segredos e encantos, é um ponto de regresso constante.

 

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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