Azoris Angra Garden, um hotel na ilha Terceira.
20h30 de um inicio de noite de final de Primavera. Chegava ao Aeroporto das Lajes, ilha Terceira. A minha primeira vez na ilha na Terceira. Já tenho de fazer contas, para além da memória, do número de vezes que visitei os Açores. Mas neste precioso lugar era mesmo a primeira. Sabia, no momento do primeiro toque na ilha, que a minha memória futura irá ter esse factor em conta. Muito provavelmente, nunca irei esquecer esta visita. A minha memória tem esta forma de agir e sei que tem (a minha memória) um carinho genuíno pelos Açores. Estava de visita à Terceira para conhecer o renovado Azoris Angra Garden. Já conhecia perfeitamente os seus irmãos de São Miguel e Faial, Royal Garden e Faial Garden. Este grupo, Azoris, é uma espécie de família açoriana que a vida me deu. E claro, uma das minhas casas favoritas nos Açores. Não poderia perder este momento. Do rejuvenescimento de um clássico.
Já era noite cerrada quando cheguei ao hotel. Sentia na pele aquele, já não estranho, clima meio tropical dos Açores. Já não me fere, o meu corpo já não estranha. Todo o meu eu se sentia, naturalmente, confortável por ali. O Angra Garden fica bem no centro de Angra do Heroísmo. Literalmente, a dois passos da praça central e da Câmara Municipal. Estava a conduzir e iria ter carro durante esta visita, para explorar (quase) toda a ilha, mas caso a visita se restringisse apenas a Angra, a partir do hotel, facilmente chegaria a todo o lado a pé. Aliás, com as limitações de estacionamento que existem no centro histórico, até diria mais: “por favor, movimentem-se pela cidade a pé!”. A minha rotina durante esta visita acabou por ser essa. Hotel, explorar Angra e conhecer, de cabelo ao vento, um pouco do resto da ilha. Só iria ficar por três dias.
A primeira noite serviu, basicamente, para pousar as malas, cumprimentar as pessoas do hotel e…dormir. Normalmente, em viagem, gosto de me levantar com os primeiros raios de Sol. Por tudo. Pela luz, que é substancialmente melhor para fotos, o poder assistir ao “nascer” do movimento da cidade e, também, para aproveitar todos os minutos da viagem (questão tão simples e tão importante). Neste caso, levantar cedo também valeu para explorar o renovado hotel longe de muita azafama. Comecei a exploração no meu quarto (mais uma vez, simples e eficaz). Como na noite anterior segui directo para a cama, nem me apercebi bem de onde estava. Na manhã seguinte percebi que tinha uma varanda gigante com vista para a praça e para Angra. Quase como um segredo dentro do meu quarto. Ainda a cidade estava “vazia” e já eu a estava a respira-la debruçado no gradeamento da minha varanda. Esta cidade é de facto lindíssima. Já tinha ouvido falar. Já sabia de muitas histórias. Mas o cumprir as expectativas, é sempre um momento épico. Após este “mergulho” matinal, volto ao quarto, máquina em punho e vou explorar o hotel. Apesar de alguns traços de semelhança, começando pela simpatia de quem lá trabalha, cada hotel do grupo tem o seu ADN. Talvez este seja o, naturalmente, mais clássico. Angra assim o obriga. Mas ficou muito giro. Gosto do aliar de conceitos, entre o clássico e pinceladas de irreverência bem visíveis nos espaços comuns. Com destaque para a luminosa sala de refeições, que funciona como janela para o bonito e gigante jardim que fica nas traseiras do hotel. Já nos outros espaços, existe um adjectivo que se destaca…casa. Esperem!! Não, não é casa. Sim, sinto-me em casa no hotéis Azoris. Sim, é para mim o mais importante. Mas não é esse o adjectivo certo para aqui. O adjectivo certo é conforto (ok, também está relacionado com o conceito de casa). Tudo muito fofinho, com aquele toque vintage que tanto gosto. Ainda mal tinha saído da cama, mas ao ver aqueles sofás gigantes, a minha vontade era lançar-me em voo para cima deles e ficar por ali a dar mimos às minhas costas.
Depois destes toques de aconchego, era tempo de explorar o bom que existia lá fora. Saio porta fora e embato de frente com a magia de Angra. É um cidade Património da Humanidade e isso diz muito. Ruas alinhadas e cheias de pormenores, quase todas em calçada, quase todas imaculadas nos seus ornamentos. Sentia-me mais uma vez abençoado, por poder viver tantas vezes os Açores. Já tinha tantos paraísos e sentia-me a ganhar mais um. Tal como é comum por todas as ilhas (aqui, não só nos Açores), parece que todos os caminhos vão dar ao mar. Neste caso, ao gigante Oceano Atlântico. Num ápice, estava de frente para a marina de Angra, para a Prainha de Angra e para o Monte Brasil. O dia começa a ganhar forma e o movimento a aumentar gradualmente. Os primeiros barcos de recreio a saírem do porto, as primeiras pessoas a chegarem à praia e à movimentação habitual dos pequenos comércios a abrirem as suas portas. Confesso que fiquei surpreendido pelo movimento de Angra. Sabia que já era uma cidade com algum porte, mas nunca pensei ver tantas pessoas. Calma, não é Lisboa, ou algo que o valha. Mas não estava à espera de tanto. No entanto, ao observar as rotinas diárias (adoro), parece que todos se conhecem. O que faz Angra atingir aquele equilíbrio dimensional e social, desejado por todos os territórios. Continuava a minha exploração, rua após rua. Fiz alguns amigos ocasionais, todos muito simpáticos. Mais um ponto em comum com as restantes ilhas dos Açores que conheço, a simpatia, genuína, da sua gente. Adoro estes momentos, de pequenas conversas e pequenas descobertas. Muito engraçado ver a generosidade das pessoas, que tudo fazem para que me sinta bem na sua terra. Inconscientemente, sabem que a “nossa relação” poucos minutos vai durar, mas a abertura e genuinidade é completa e gratificante. Acho que mais do que queijo, paisagens ou bifes, isto é o melhor que os Açores têm para oferecer. Pequenos momentos, pequenas conversas, pessoas extraordinárias. Continuava a exploração. Cada vez mais a sentir o poder magnético do azul do oceano. Em cada canto, em cada brecha, lá aparecia ele. Percebo a “aflição” que esta gente terá em viver longe deste azul, que ainda por cima contrasta, quase sempre, com um verde belíssimo. Isto é Angra, mais um cantinho meu, nos meus Açores.
Resolvi conhecer o resto da ilha. O tempo não era muito, mas queria ter uma imagem geral. Traço no mapa três paragens. São Mateus da Calheta, Serra de Santa Bárbara (ponto mais alto da ilha) e Miradouro da Serra Cume. Seria uma espécie de meia volta à ilha. Iria parar, obrigatoriamente, nestes três pontos, o resto seria ao sabor do vento. São Mateus, foi a primeira paragem. É terra que cheira a mar. É dali que sai grande parte da frota pesqueira da ilha. Tem um porto. Tem uma lota. Tem um povo ligado à pesca. E tem o restaurante Beira Mar, que é, deixem lá ver como o vou classificar….um paraíso. Peixe e marisco, mais fresco, é impossível. Produto dos Açores a brilhar. Cada garfada foi um deleite para os meus sentidos e infelizmente para a minha memória (salivo pela hora de voltar e será difícil na hora da comparação com outras refeições de pescado). Pelo meio, entre almoços e observação de barcos de pesca, fiz novos amigos. Pescadores de São Mateus, que não se imaginam em outro lugar, que muitas histórias me contaram de baleias, pescarias e oceanos. Daqui segui viagem até ao ponto mais alto da ilha. Mais um clássico das minhas viagens. Procurar o lugar mais alto e ter uma perspectiva diferente de tudo o resto. Não é a Montanha do Pico, mas do alto dos seus 1021m de altitude ainda se vê muita coisa. Vê-se sobretudo a dimensão do oceano, que faz sentir pequeno tudo em sem redor. Pelo meio de paisagens verdejantes, entre colinas e florestas, sigo para o Miradouro da Serra do Cume. Que assume o estatuto de rockstar da ilha Terceira. É difícil ir à ilha sem passar por lá. E por mais que as expectativas estejam elevadas, acredito que nunca irá desiludir. Que paisagem incrível estava diante dos meus olhos. Angra lá ao fundo, vacas a pastarem em meu redor, tudo o que é serra e planalto assumia formas graciosas e por fim, a famosa mata de retalhos da ilha Terceira. Um quadrado verde mais escuro a combinar com um quadrado verde mais claro, e assim sucessivamente, a perder de conta. Parece que foi, realmente, costurado, esta enorme planície agrícola terceirence.
Depois de tudo isto, o regresso era sempre feito até ao Azoris Angra Hotel. Sim, tal como se volta a casa.
20h30 de um inicio de noite de final de Primavera. Chegava ao Aeroporto das Lajes, ilha Terceira. A minha primeira vez na ilha na Terceira. Já tenho de fazer contas, para além da memória, do número de vezes que visitei os Açores. Mas neste precioso lugar era mesmo a primeira. Sabia, no momento do primeiro toque na ilha, que a minha memória futura irá ter esse factor em conta. Muito provavelmente, nunca irei esquecer esta visita. A minha memória tem esta forma de agir e sei que tem (a minha memória) um carinho genuíno pelos Açores. Estava de visita à Terceira para conhecer o renovado Azoris Angra Garden. Já conhecia perfeitamente os seus irmãos de São Miguel e Faial, Royal Garden e Faial Garden. Este grupo, Azoris, é uma espécie de família açoriana que a vida me deu. E claro, uma das minhas casas favoritas nos Açores. Não poderia perder este momento. Do rejuvenescimento de um clássico.
Já era noite cerrada quando cheguei ao hotel. Sentia na pele aquele, já não estranho, clima meio tropical dos Açores. Já não me fere, o meu corpo já não estranha. Todo o meu eu se sentia, naturalmente, confortável por ali. O Angra Garden fica bem no centro de Angra do Heroísmo. Literalmente, a dois passos da praça central e da Câmara Municipal. Estava a conduzir e iria ter carro durante esta visita, para explorar (quase) toda a ilha, mas caso a visita se restringisse apenas a Angra, a partir do hotel, facilmente chegaria a todo o lado a pé. Aliás, com as limitações de estacionamento que existem no centro histórico, até diria mais: “por favor, movimentem-se pela cidade a pé!”. A minha rotina durante esta visita acabou por ser essa. Hotel, explorar Angra e conhecer, de cabelo ao vento, um pouco do resto da ilha. Só iria ficar por três dias.
A primeira noite serviu, basicamente, para pousar as malas, cumprimentar as pessoas do hotel e…dormir. Normalmente, em viagem, gosto de me levantar com os primeiros raios de Sol. Por tudo. Pela luz, que é substancialmente melhor para fotos, o poder assistir ao “nascer” do movimento da cidade e, também, para aproveitar todos os minutos da viagem (questão tão simples e tão importante). Neste caso, levantar cedo também valeu para explorar o renovado hotel longe de muita azafama. Comecei a exploração no meu quarto (mais uma vez, simples e eficaz). Como na noite anterior segui directo para a cama, nem me apercebi bem de onde estava. Na manhã seguinte percebi que tinha uma varanda gigante com vista para a praça e para Angra. Quase como um segredo dentro do meu quarto. Ainda a cidade estava “vazia” e já eu a estava a respira-la debruçado no gradeamento da minha varanda. Esta cidade é de facto lindíssima. Já tinha ouvido falar. Já sabia de muitas histórias. Mas o cumprir as expectativas, é sempre um momento épico. Após este “mergulho” matinal, volto ao quarto, máquina em punho e vou explorar o hotel. Apesar de alguns traços de semelhança, começando pela simpatia de quem lá trabalha, cada hotel do grupo tem o seu ADN. Talvez este seja o, naturalmente, mais clássico. Angra assim o obriga. Mas ficou muito giro. Gosto do aliar de conceitos, entre o clássico e pinceladas de irreverência bem visíveis nos espaços comuns. Com destaque para a luminosa sala de refeições, que funciona como janela para o bonito e gigante jardim que fica nas traseiras do hotel. Já nos outros espaços, existe um adjectivo que se destaca…casa. Esperem!! Não, não é casa. Sim, sinto-me em casa no hotéis Azoris. Sim, é para mim o mais importante. Mas não é esse o adjectivo certo para aqui. O adjectivo certo é conforto (ok, também está relacionado com o conceito de casa). Tudo muito fofinho, com aquele toque vintage que tanto gosto. Ainda mal tinha saído da cama, mas ao ver aqueles sofás gigantes, a minha vontade era lançar-me em voo para cima deles e ficar por ali a dar mimos às minhas costas.
Depois destes toques de aconchego, era tempo de explorar o bom que existia lá fora. Saio porta fora e embato de frente com a magia de Angra. É um cidade Património da Humanidade e isso diz muito. Ruas alinhadas e cheias de pormenores, quase todas em calçada, quase todas imaculadas nos seus ornamentos. Sentia-me mais uma vez abençoado, por poder viver tantas vezes os Açores. Já tinha tantos paraísos e sentia-me a ganhar mais um. Tal como é comum por todas as ilhas (aqui, não só nos Açores), parece que todos os caminhos vão dar ao mar. Neste caso, ao gigante Oceano Atlântico. Num ápice, estava de frente para a marina de Angra, para a Prainha de Angra e para o Monte Brasil. O dia começa a ganhar forma e o movimento a aumentar gradualmente. Os primeiros barcos de recreio a saírem do porto, as primeiras pessoas a chegarem à praia e à movimentação habitual dos pequenos comércios a abrirem as suas portas. Confesso que fiquei surpreendido pelo movimento de Angra. Sabia que já era uma cidade com algum porte, mas nunca pensei ver tantas pessoas. Calma, não é Lisboa, ou algo que o valha. Mas não estava à espera de tanto. No entanto, ao observar as rotinas diárias (adoro), parece que todos se conhecem. O que faz Angra atingir aquele equilíbrio dimensional e social, desejado por todos os territórios. Continuava a minha exploração, rua após rua. Fiz alguns amigos ocasionais, todos muito simpáticos. Mais um ponto em comum com as restantes ilhas dos Açores que conheço, a simpatia, genuína, da sua gente. Adoro estes momentos, de pequenas conversas e pequenas descobertas. Muito engraçado ver a generosidade das pessoas, que tudo fazem para que me sinta bem na sua terra. Inconscientemente, sabem que a “nossa relação” poucos minutos vai durar, mas a abertura e genuinidade é completa e gratificante. Acho que mais do que queijo, paisagens ou bifes, isto é o melhor que os Açores têm para oferecer. Pequenos momentos, pequenas conversas, pessoas extraordinárias. Continuava a exploração. Cada vez mais a sentir o poder magnético do azul do oceano. Em cada canto, em cada brecha, lá aparecia ele. Percebo a “aflição” que esta gente terá em viver longe deste azul, que ainda por cima contrasta, quase sempre, com um verde belíssimo. Isto é Angra, mais um cantinho meu, nos meus Açores.
Resolvi conhecer o resto da ilha. O tempo não era muito, mas queria ter uma imagem geral. Traço no mapa três paragens. São Mateus da Calheta, Serra de Santa Bárbara (ponto mais alto da ilha) e Miradouro da Serra Cume. Seria uma espécie de meia volta à ilha. Iria parar, obrigatoriamente, nestes três pontos, o resto seria ao sabor do vento. São Mateus, foi a primeira paragem. É terra que cheira a mar. É dali que sai grande parte da frota pesqueira da ilha. Tem um porto. Tem uma lota. Tem um povo ligado à pesca. E tem o restaurante Beira Mar, que é, deixem lá ver como o vou classificar….um paraíso. Peixe e marisco, mais fresco, é impossível. Produto dos Açores a brilhar. Cada garfada foi um deleite para os meus sentidos e infelizmente para a minha memória (salivo pela hora de voltar e será difícil na hora da comparação com outras refeições de pescado). Pelo meio, entre almoços e observação de barcos de pesca, fiz novos amigos. Pescadores de São Mateus, que não se imaginam em outro lugar, que muitas histórias me contaram de baleias, pescarias e oceanos. Daqui segui viagem até ao ponto mais alto da ilha. Mais um clássico das minhas viagens. Procurar o lugar mais alto e ter uma perspectiva diferente de tudo o resto. Não é a Montanha do Pico, mas do alto dos seus 1021m de altitude ainda se vê muita coisa. Vê-se sobretudo a dimensão do oceano, que faz sentir pequeno tudo em sem redor. Pelo meio de paisagens verdejantes, entre colinas e florestas, sigo para o Miradouro da Serra do Cume. Que assume o estatuto de rockstar da ilha Terceira. É difícil ir à ilha sem passar por lá. E por mais que as expectativas estejam elevadas, acredito que nunca irá desiludir. Que paisagem incrível estava diante dos meus olhos. Angra lá ao fundo, vacas a pastarem em meu redor, tudo o que é serra e planalto assumia formas graciosas e por fim, a famosa mata de retalhos da ilha Terceira. Um quadrado verde mais escuro a combinar com um quadrado verde mais claro, e assim sucessivamente, a perder de conta. Parece que foi, realmente, costurado, esta enorme planície agrícola terceirence.
Depois de tudo isto, o regresso era sempre feito até ao Azoris Angra Hotel. Sim, tal como se volta a casa.