road trip centro de portugal: Ria de Aveiro
A Ria de Aveiro, também conhecida como Foz do Vouga, e ainda como, a “Veneza de Portugal”, é quem dá nome ao estuário do Rio Vouga. A Ria é assim, uma lagoa costeira que surge pelo recuo do mar, criando um dos mais bonitos acidentes geográficos da costa portuguesa. A singularidade deste lugar, onde a terra encontra o mar é inquestionável, tal como a sua importância enquanto repositório de história e de estórias, de tradições, de cultura e acima de tudo, de memórias. Conhecer e perceber a envolvência dos territórios que a envolvem, é descobrir um equilíbrio harmonioso entre a natureza e o desenvolvimento urbano, mas também entre um passado histórico relevante, e com uma identidade particular, com uma contemporaneidade que se destaca pelo seu dinamismo e arrojo.
Seguindo à boleia do Turismo do Centro, a road trip à descoberta da Ria de Aveiro, começa em Ovar, o concelho mais a norte do distrito. Na passagem pelo circuito urbanístico de Ovar, foi-nos possível conhecer e visitar, o Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo, que promove a preservação desta tradição, tão marcada neste território e expressa em inúmeras fachadas espalhadas pela cidade, como também explorar a Igreja Paroquial de Válega. Esta igreja é impressionante pela sua arquitectura, onde se destaca a extravagância e o colorido dos seus azulejos, tanto no interior como no exterior, uma imagem imperdível de captar com o cair do pôr do sol. Deixando Ovar e seguindo até Estarreja, é peremptório descobrir a arte urbana que ali reside, e que se pode encontrar por toda a cidade. Obras de artistas nacionais e internacionais, como, Add Fuel, Bordalo II, Hazul, ou Bosoletti.
A tarde leva-nos até à vila de Murtosa, mais especificamente ao percurso ciclável da NaturRia, um lugar que promove a reaproximação da população com a lagoa, aliando a preservação do património com a utilização lúdica, e ambientalmente sustentável desses espaços. Na sequência deste percurso, podemos ainda desfrutar de um passeio de barco à vela, que fechou de forma simbólica a visita. Ainda antes do final do dia, seguimos até Ílhavo, onde fizemos duas paragens, a primeira no Museu Marítimo e a segunda, no Complexo Vista Alegre. Este museu, premiado nacional e internacionalmente pela sua arquitectura, representa a ligação da terra ao mar e à ria, e tem como um dos seus elementos centrais, um grande aquário de bacalhaus. A última visita do dia, ao Complexo Vista Alegre, permitiu conhecer de forma mais profunda, esta que foi a primeira indústria dedicada à produção de porcelana em Portugal, contando com quase 200 anos de história.
O segundo dia desta viagem, levou-nos até Vagos, mais especificamente até à Praia da Vagueira, composta por um extenso areal e com todas as condições para a prática de vários desportos náuticos. Ainda na vila, conhecemos o Santuário da Nossa Senhora de Vagos e terminámos no Museu do Brincar, um lugar que ao contrário do expectável atraírá tanto as crianças, como os adultos, permitindo uma viagem ao passado, redescobrindo brinquedos de outros tempos. Antes da hora de almoço, seguimos até Aveiro, e fechámos a manhã com chave de ouro, com um passeio de barco moliceiro pelos canais, um dos eternos postais da cidade.
Com a chegada do período da tarde, voltamos à nossa viagem e iniciamos as atividades em Águeda, onde descobrimos a Pateira de Fermentelos, a maior lagoa natural da Península Ibérica, que pelo facto de dar abrigo a mais de 50 espécies de aves diferentes, recebeu o estatuto de Zona de Proteção Especial. Seguimos depois para Anadia, diretos à Associação Rota da Bairrada, uma associação sem fins lucrativos cujo principal objetivo é o de unir de forma concertada, os vários atores do setor do turismo, proporcionado assim aos seus visitantes, a melhor experiência possível. Regressados a Aveiro, terminámos o segundo dia, com um cine-concerto, inserido na programação do Festival dos Canais, e organizado pelo Teatro Aveirense. Sob o título “Surdina”, o filme de Rodrigo Areias, foi acompanhado da banda sonora ao vivo, pelas mãos de Tó Trips, criando uma atmosfera única, e um dos momentos altos desta viagem.
O terceiro e último dia começou em Oliveira do Bairro, numa visita à Radiolândia, o Museu da Rádio, junto à antiga escola primária de Bustos. Este espaço herdou o seu nome de uma antiga loja de comércio de rádios, perpetuando assim, a memória de um local que faz parte da história deste concelho, e promovendo a educação e a cultura. Finda esta visita, a viagem seguiu até Albergaria-a-Velha, o último ponto desta jornada, onde fomos encontrar o Parque dos Moinhos. Este é o concelho com maior número de moinhos de água da Europa, sendo esse um elemento que marca as suas paisagens, e que acima de tudo, marca e simboliza as suas tradições. A criação da Rota dos Moinhos, permitiu assim reforçar essa identidade, e oferecer a quem visita, uma forma diferente de conhecerem o concelho e a sua história. O último ponto desta jornada, conduziu-nos até Sever do Vouga, onde podemos digerir as visitas dessa manhã durante o almoço, terminando a nossa road trip, com a descoberta da Cascata da Cabreia. Com origem nas águas do Rio Mau e envolta por uma vegetação densa, esta deslumbrante queda de água, foi o retrato certo para fecharmos esta viagem.
Mais do que enfatizar a beleza e a unicidade da Ria de Aveiro, esta viagem permitiu a descoberta e a exploração de um território amplamente diverso, rico em história, tradição e cultura, lugar de múltiplas identidades, e de uma riqueza natural impressionante. Fica a vontade de regressar num registo mais vagaroso, para poder sorver tudo de forma ainda mais profunda, com a certeza de que podemos sempre ser surpreendidos, pelos incontáveis encantos que ainda se escondem no coração do nosso país.
Julho 2020













































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