Posso fazer o mesmo caminho (para Fátima) 100 vezes, a paisagem (à partida) será a mesma, mas a história será sempre diferente. Existem dois grandes culpados para isto acontecer: o primeiro será o “estado” da nossa cabeça, e a predisposição para fazer o caminho; o segundo serão as personagens (pessoas/peregrinos) que iremos encontrar ao longo do caminho, que moldarão a nossa história de uma diferente forma.
Este ano fiz o caminho para Fátima sozinho. Por várias razões. Queria ir sozinho e caminhar a maior parte do tempo sozinho. Apesar de esta vontade se ter cumprido e de apenas a espaços ter convivido/caminhado com outros peregrinos, esses momentos foram de tal maneiras marcantes, que ao mesmo tempo digo que o mais importante deste caminho foi tê-lo feito sozinho e as pessoas que nele encontrei. Estranho, não!? Ainda não encontrei uma explicação clara para isto, não sei se foi o acaso, ou se por e simplesmente, não tem que existir explicação.
Algumas (pessoas), falei durante horas (o tempo passa devagar no caminho), outras durante poucos minutos, outras apenas disse “bom caminho”, e muito poucas nada disse, apenas observei. Algumas criei um laço de amizade forte (apesar da efemeridade do momento), outras não gostei, outras admirei e outras simplesmente caricaturei. Com todas estas diferenças, sinto-me tão feliz com o que encontrei neste parte (a das pessoas) importante do meu caminho. Muitas ri-me sozinho, quase me sentia abençoado, por tão preciosos momentos.
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Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.