Quinta de Lemos, vinha e adega imponente da região de Vinhos do Dão. Fica em Silgueiros que se comporta como uma espécie de Meca dos Vinhos do Dão. Além da quinta, vinha e adega, também existe um restaurante, o Mesa da Lemos. Plantado no meio da vinha, com uma arquitetura muito particular e com uma comida, menu e agenda, a atingir uma patanar de topo na cena gastronómica portuguesa. Sempre que olho para esta Quinta de Lemos, vejo-a como um todo. O vinho, a adega, a vinha, o restaurante. Tudo com uma coerência ao mais alto nível.
A minha relação com a Quinta de Lemos começou na vidima de 2017, por isso, resolvi recuperar as palavras que representam o primeiro impacto.
“…visita à imponente Quinta de Lemos, para uma vindima…noturna. Sim, foi à noite. Muito giro. É comum nesta quinta a vindima noturna, dizem que faz bem à uvas e a quem as apanha (sim, faz muito calor no interior do país), só não é comum a abertura de portas a “estranhos” neste momento e acontecimento particular. Com uma luz na cabeça, eu e os meus companheiros de visita, lá apanhámos uns cachos de uva ao som das cigarras e à luz das estrelas. Dá um certo charme a vindima assim. Depois ainda visitámos a adega desta, que me parece estar para mundo dos vinhos, como a Ferrari está para o mundo automóvel. Um luxo. Por falar em luxo e coisas boas, esta visita terminou no restaurante da Quinta, o Mesa de Lemos, que para além de uma peça de arquitetura extraordinária, parece-me um candidato aqueles prémios que distiguem os melhores entre os melhores (sim, a estrela Michelin). Antes de ver o cenário do restaurante, tinham-nos dito que íamos fazer uma pequena ceia no restaurante, para celebrar o final das vindimas, relembrando assim a bucha que os trabalhadores comem no final de um dia de trabalho. Na altura pensei “bem, vamos comer uma bifana e um caldo verde…e com sorte um copo de vinho”. Não poderia estar mais enganado. É claro se me tivessem falado na ceia, depois de ver o restaurante, facilmente iria perceber que “só” uma bifana não poderia ser. Vamos aos factos. Entrei no restaurante à 1h30, saí às 4h30. Comi nada menos que 7 pratos, divinalmente preparados, com vinhos da Quinta de Lemos a acompanhar. Numa reinvenção daquilo que são os pratos tradicionais de uma bucha. Resultado: nunca mais vou esquecer este momento. Acho que é o melhor elogio que poderia fazer a esta experiência. A criação de memórias boas e elementos para contar uma boa história, quem sabe à mesa no Natal este ano lá em casa, ou passados 6 meses à mesa de um restaurante com amigos, ou passados anos, à lareira com filhos. Os meus parabéns a quem teve esta ideia, para muitos irreverente, para mim genial. Dormi 3 horas (sim, porque às 8h já me estava a levantar para outra vindima) com uma barriga cheia de memórias. “
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Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.