Há uns dias perdi-me na Serra da Malcata. E quando escrevo “perdi-me” é sem exagero. Entrei por uma estrada serra adentro e quando dei por mim estava num caminho de cabras, sem rede (logo sem google maps) e sem conhecer nada, era a primeira vez que estava ali. Nos primeiros 5 minutos fiquei meio pensativo. Podia voltar para trás, mas resolvi seguir em frente. O meu maior medo até era pelo meu carro não todo o terreno. O ficar atascado pareceu-me uma hipótese provável. 5 minutos depois, do ato pensativo, voltei a sorrir. Continuava a não saber onde estava, mas deixei de preocupar com isso. Senti-me livre, num lugar desconhecido e muito bonito. A despreocupação de não ter controlo fez-me sentir livre e o tempo ganhou outra forma, e a ligação ao lugar ficou mais intensa. Tive tempo para respirar o ar puro daquele lugar. Uma hora depois, voltei à estrada “normal”, a rede voltou e o tempo voltou a correr com a pressa do costume.

Saudades de estar perdido na Serra da Malcata.

 

Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.

 

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