frutas tereso e rota da laranja de silves

Laranja e Algarve, são dois nomes que tantas e tantas vezes se transformam num só. Mais do que um produto, uma cultura. A este dois nomes podemos juntar o nome de Silves, concelho algarvio, que pelas suas características únicas transformou a sua paisagem em longos campos verdes, abastecidos de vários tipos do fruto cor laranja. Já dentro do universo Silves, podemos juntar mais dois nomes, para fechar esta história. Frutas de Tereso, empresa familiar e um reconhecido produtor local, e, para finalizar, a Rota da Laranja de Silves, como meio para unir o território, património e pessoas, em redor da cultura da laranja. Laranja, Algarve, Silves, Frutas Tereso e Rota da Laranja de Silves, podemos avançar.

A laranja e a sua história.

A laranja é um fruto cuja origem remonta ao continente asiático, mais especificamente a uma região situada entre a Índia e o sudoeste do Himalaia e terá sido na China que os primeiros pomares de laranjeiras se terão desenvolvido. Considerada como um produto de luxo, a laranja tornou-se popular entre as classes nobres e os militares, sendo as primeiras espécies amargas, e cultivadas com propósitos essencialmente medicinais.

Contrariamente à laranja amarga, a laranja doce é introduzida na Europa apenas no século XVI e pela mão dos mercadores portugueses que a traziam da Índia. Este facto é particularmente curioso porque além de revelar a importância de Portugal na expansão deste fruto no velho Continente, levaria a que as laranjas viessem a ser apelidas de “portuguesas” em várias línguas, como por exemplo: na Grécia: portogales, Turquia e Bulgária: portokal e existe ainda, no Norte de África uma variedade de laranjeira que se chama Portugaise

A laranja e o Algarve.

No sotavento algarvio a citricultura é soberana, o que é perfeitamente percetível quando se percorrem essas zonas de vastos terrenos agrícolas. Situado no extremo sul de Portugal, a região do Algarve possui condições agro-climáticas bastante favoráveis para a produção de frutos cítricos pela conjugação entre os seus solos calcários e uma intensa radiação solar. Os citrinos estão amplamente associados à caracterização do Algarve, pelo que é natural encontrarmo-los nos quintais das casas, nas praças públicas e nos jardins, tanto para fins meramente ornamentais como para fins de auto-consumo. 

A laranja e Silves.

O Algarve é assim a principal região produtora de citrinos em Portugal, com 16 mil hectares (cerca de 7,2 milhões de laranjeiras) dentro os quais, o concelho de Silves surge como um dos mais representativos, com 40% do total. Neste sentido o Algarve possui indicação geográfica protegida (IGP) apresentando estes citrinos uma casca fina sendo bastante sumarentos e doces. O clima tão particular desta região portuguesa é o que permite a ocorrência de dois picos de produção em dezembro/janeiro e em Junho/Julho. As variedades “Dalmau” e as “Newhall” são colhidas entre os meses de Novembro e Março, as “Baía” e as “Jaffa” entre Fevereiro a Abril e as “Valencia late” e “Lane late” entre Março a Agosto. Logo a seguir à maçã, a laranja é a fruta mais produzida em Portugal e é cada vez mais exportada. Em Portugal, são colhidas 80 a 100 toneladas de laranjas por dia, sendo este citrino o mais produzido no mundo. 

A laranja é assim um símbolo indissociável da região do Algarve e as Frutas Tereso são uma empresa que conhece o peso dessa responsabilidade. Uma empresa de caráter familiar, cuja história remonta ao ano de 1996. Fundada por Lourenço Tereso Ferreira e Beatriz Carvalho dos Santos, que desde 1983 estavam já ligados ao comércio de citrinos e de outros frutos. As Frutas Tereso assumem a missão de produzir os melhores citrinos, não só laranjas, como também clementinas, tangerinas e limões e mais recentemente, também romãs. Hoje os filhos Diana e David são também parte deste negócio, juntamente com uma equipa que conta já com mais de 60 colaboradores. 

A ligação de Lourenço e Beatriz, fundadores da empresa, ao Algarve não é evidente. Lourenço nasceu em Alcobaça e Beatriz em Braga, onde se viriam a conhecer e quem conta esta história é a filha Diana, que há três anos decidiu trocar a correria e o stress de Lisboa pela tranquilidade de uma vida a Sul, juntando-se desta forma, ao negócio da família: 

“O meu pai era motorista, fazia transporte de frutas e andava por todo o país quando percebeu que haveria aqui no Algarve, uma oportunidade de negócio com a produção da laranja.”

Segue uma pequena conversa com a Diana.

Carlos: Quais foram as maiores mudanças desde que veio viver para cá?

Diana: Eu tenho 3 filhos e nós agora acabamos o trabalho e vamos à praia, não tem nada a ver com a vida que tínhamos em Lisboa. Nós temos muito mais opções em termos de coisas para fazer do que aquilo que as pessoas pensam. A questão cultural também era uma preocupação minha quando vim para cá por causa deles e eu tenho-me surpreendido muito frequentemente com a quantidade desse tipo de atividades.

Conversar com a Diana é perceber de forma bastante evidente e imediata a paixão que encontrou nesta área, mas também a sua bastante vincada preocupação ambiental alavancada pela prática de uma agricultura sustentável e recorrendo às melhores práticas. Através do modo de produção integrada conseguem reduzir o uso de produtos fito-farmacêuticos ao mínimo possível e através de práticas de rastreabilidade dos produtos e de controlo de qualidade dos processos, conseguem ainda analisar a presença de resíduos fito-farmacêuticos no produto final. Esta preocupação com o acompanhamento de todo o processo desde a sua fase mais precoce, é também o que permite a confiança de estarem a entregar o melhor produto possível. 

Carlos: De que forma controlam as pragas evitando o uso de produtos fito-farmacêuticos? 

Diana: Em relação aqui aos pomares, nós queremos que a planta seja o único ser vivo digamos assim, a absorver os nutrientes e a água que vem aqui destas tubagens, aqui nas entrelinhas mantemos esta erva porque atrai insectos, que são insectos-auxiliares que nos ajudam a combater pragas nas laranjas, evitando assim a aplicação de produtos fito- farmacêuticos.

Carlos: De que forma controlam a escassez de água? 

Diana: Aqui temos grandes dificuldades em termos de água, pelo que estamos constantemente a procurar novas formas de a conseguir poupar. Uma dessas estratégias foi colocar em todos os terrenos em que temos produção própria, umas sondas que vão até 50cm a baixo do solo para ver a quantidade de água que lá existe. A sonda permite-nos assim, ver se está água disponível e se é preciso regar ou não e assim conseguimos reduzir as regas e poupar água.

Carlos: Como é que funciona a sazonalidade da laranja? 

Diana: Nós temos variedades precoces e variedades tardias. Nós temos fruta o ano todo porque existem estas diferentes variedades, que começamos a ter em Outubro/Novembro e depois as tardias no verão. As laranjas são sempre colhidas no dia, depois ficam fica 1 ou 2 dias na central para serem lavadas e embaladas e depois são logo expedidas.

Carlos: Quais são os principais países para onde exportam? 

Diana: Maioritariamente para Portugal. Nós temos cerca de 25% que vai para fora, França, Holanda, Suíça, Bélgica, Espanha. É interessante que os clientes espanhóis são nossos clientes só no verão porque eles têm uma estratégia em termos de colheita de fruta bastante diferente da nossa. Nós esperamos que a fruta amadureça completamente na árvore e eles apanham-la ligeiramente mais verde, daí as diferenças de sabores também. Nesta fase eles já apanharam tudo, o que faz com que já não tenham nada nas árvores e então vêm cá buscar.

Carlos: Os seus pais ainda estão envolvidos nos processos da empresa? 

Diana: O meu pai é a pessoa mais workaholic que eu conheço, é a primeira pessoa a chegar e a última a sair, fez 69 anos este ano.

Carlos: Acha que a laranja do Algarve é devidamente valorizada? 

Diana: As pessoas reconhecem que a laranja do Algarve é boa mas ainda é preciso conhecerem alguns conceitos, como este de que há laranja todo o ano e de que é sempre uma laranja fresca. É simplesmente mais feia porque fica na árvore durante mais tempo.

A laranja e a Rota da Laranja de Silves.

A criação da Rota da Laranja foi pensada como forma de permitir a valorização da citricultura, desde a sua produção, à sua transformação e ao consumo. A ideia é que esta oferta turística permita aos visitantes um contacto direto com produtores locais, ao mesmo tempo que podem ser participantes ativos, por exemplo, na apanha da laranja, na confeção de produtos com a mesma e nesse sentido viver uma experiência gastronómica diferente e mais rica. Na mesma lógica, a criação da marca “Silves – Capital da Laranja” assume o reforço dessa identificação por si só já tão palpável, entre este concelho e a laranja enquanto rainha da fruta de mesa. 

De cor intensa e sabor doce e delicado, a laranja é em Silves um produto de excelência que faz parte do património e da identidade cultural deste lugar, sendo motivo de orgulho para todos os Silvenses. Uma curiosidade que em muito revela o simbolismo da laranja no Algarve, é que desde tempos que remontam ao século XVIII, já as árvores de Natal eram decoradas com laranjas e esta tradição familiar cria a ponte perfeita com as Frutas Tereso, porque se o mais importante em todos os lugares são as pessoas, as Frutas Tereso não se apresentam como uma excepção. O carácter familiar deste projeto, que hoje se desenvolve num encontro de diferentes gerações, faz com que se lhe distinga uma genuinidade característica de quem trabalha por paixão, com atenção a todos os pormenores e com a missão de produzir sempre o melhor produto possível. 

Fiquem a conhecer mais sobre a Rota da Laranja de Silves, aqui.

Julho 2020

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