Six Senses Douro Valley. Hotel, com base numa quinta do séc. XIX, completamente renovada (quer dizer, dizer que foi renovada até é um pouco redutor…foi renovada, sim, mas com atenção ao mais ínfimo pormenor), localizada no vale do Douro. Estive lá com a minha Liliana. Juro-vos que pensei que seria muito feliz se vivesse por ali…para sempre (mas depois tive de voltar para casa e a realidade caiu sobre mim 😉 ).
Sinceramente, é impossível não ficar de boca aberta com este hotel. Não no sentido da parolice da boca aberta, mas como contemplação de algo extraordinário. Fica na margem Sul do rio Douro, a poucos quilómetros de distância de Peso da Régua. É edifício imponente, mas não frio ou inacessível como algumas casas senhoriais do outrora. O envolvimento exterior, tal como o rio e vinhas, também ajudam ao sentimento de tranquilidade e vontade de estar. Isto visto de fora e a uma certa distância, porque assim que se entra no hotel, bem, aí a história ganha novos capítulos. É extraordinário. Aqui, o luxo funde-se com o conforto. Não entramos num museu com peças ou quadros megalómanos, entramos na casa que, penso eu, todos gostaríamos de ter.
A entrada no hotel é feita por uma pequena estrada, entre vinhas e pequenos muros. Essa estrada dá acesso à recepção, que é o ponto mais alto (quando escrevo “alto”, refiro-me mesmo a altura 😉 ) do hotel. Somos logo “amarrados” por uma vista lindíssima para o Douro e suas vinhas. Ao entrar na recepção, com decoração minimalista, mas muito aconchegante, fez-me, logo, sentir incluído numa espécie de dimensão paralela, também por culpa de quem nos recebeu, onde o sorriso e a calma imperam. Dá vontade de deixar o telemóvel e o relógio logo ali. O tempo, neste hotel, tem um ritmo muito particular.
É engraçada a sensação de absorção que este espaço me provocou nos primeiros minutos de convivência. O nome Six Senses (6 sentidos) fez logo sentido. Tanto como, por exemplo, um hotel que chama hotel de montanha, por o seu ambiente estar conectado com a montanha, aqui todos os nossos sentidos ficam imediatamente em estado de alerta (no bom sentido do “alerta”), logo, o nome faz todo o sentido. Por se tratar de hotel especial (já perceberam que gostei 😉 ), vou retratar a minha experiência de uma forma diferente. Vou pegar em cada sentido e conectar, a cada um deles, a minhas experiências e memórias.
#TATO
Tive a primeira activação deste sentido assim que me deitei na cama do meu quarto. Se existisse um prémio para melhor cama onde já me deitei, esta cama seria um candidato à vitória. Tem um toque extraordinário e mais tarde “ofereceu-me” uma noite de sono, de uma tranquilidade e conforto, para recordar. Depois, o SPA. Mergulhar na piscina interior aquecida (lindíssima), percorrer as diferentes salas de tratamento e no final, receber uma massagem numa sala com vista para o Douro (sim, visão. Aqui fica difícil retratar apenas um sentido 😉 ), faz o nosso tato sentir-se em casa. A minha experiência no SPA do Six Senses é equivalente a um carregamento de uma bateria, com uma pequena diferença, aqui a velocidade de carregamento não é (nada) importante.
#AUDIÇÃO
Talvez o sentido menos estimulado nesta experiência. Acredito que seja mesmo essa a intenção. Todos os sons são suaves, até a voz dos colaboradores parece toda no mesmo nível. Tranquilidade é palavra de ordem e muita vezes o silêncio é tão difícil de conseguir, quando aliado a outros sentidos. Recordo o passeio pelos jardins do Six Senses, entre o edifício principal e o rio Douro, onde os sons da Natureza, aliados a um forte impacto visual, fazem a nossa audição rejubilar de alegria.
#OLFATO
Com grande verdade, muitas vezes se diz que o novo luxo está na experiência. No caso de um hotel, para a experiência da estadia ser elevada, todos os pormenores contam. Pela minha experiência (já perdi a conta dos hotéis a que fui) ou então podem chamar capricho, dou imenso valor ao cheiro do quarto (ainda hoje recordo algumas experiências por este simples factor). No Six Senses, espaço de pormenor, não deixa esse de lado. Apesar de dar muito valor a esse pormenor (e ser um pouco piquinhas com os cheiros), confesso, que quando o meu olfato foi, verdadeiramente (e literalmente), posto à prova, falhei. Eu e a Liliana, tivemos uma prova de vinho na biblioteca de vinhos (sim, o Six Senses tem uma biblioteca de vinhos. Sim, eu também gostava de ter uma em minha casa 😉 ), onde para além da experiência da prova, do conhecimento de novos vinhos e da história dos mesmos, é um verdadeiro momento de quiz do olfato, onde num primeiro momento, tentamos (sim, eu só tentei) identificar aromas, muitas vezes muito peculiares, nos diferentes vinhos da prova. Só consegui identificar a casca de carvalho num tinto. Senti que o meu olfato me falhou e nos últimos vinhos remeti-me ao silêncio e nem cheirei, só bebi 😉 . Agora muito a sério, foi uma bela experiência. Eu já fui a Roma e não vi o Papa, mas vir ao Douro e não provar um conjunto de bons vinhos, deveria ser considerado crime (dos graves). Esta terra é abençoada. Não posso, também, deixar de referir a horta ou jardim orgânico do Six Senses. Cuidadosamente trabalhada (perdoa-me Pai, mas tem melhor aspecto que a tua 😉 ), é um festival de pequenos cheiros. Abastece a cozinha do hotel e vale a visita.
#PALADAR
Vou começar pelo jantar. O chef responsável pelo menu do Six Senses é o chef Ljubomir Stanisic (sim, o do MasterChef e do restaurante 100maneiras), que atesta desde logo a qualidade do que encontrei. Mas uma vez, vou incluir a visão no assunto, o espaço do restaurante é igualmente (uma constante neste hotel) brilhante. Duas salas amplas, uma para refeições mais ligeiras (saladas, tapas, etc), com uma bancada de cozinha na sala, onde podemos ver a malta da cozinha em acção (muito giro) e outra sala, mais clássica, com uma enorme lareira em destaque. Foi na sala da lareira onde jantámos. Para começar, como este hotel tem uma forte ligação à cultura do vinho, quem trata da escolha e aconselhamento dos vinhos, são escanções muito simpáticos, que debitam histórias sobre os vinhos do Douro. “O que vai comer?”, “Então o vinho indicado é este.” . Foi esta a interação constante ao longo do jantar, tornando-o quase como um jantar vínico. Para comer, uma sopa de peixe do rio, para começar e carne de vaca maturada (do melhor), como prato principal. Os dois óptimos, fiquei muito feliz com a minha escolha, embora todos os pratos que circulavam à minha volta tinham um belíssimo aspecto. Dos vinhos que bebi, entre o jantar e a prova de vinhos, destaco um branco, chamado Eclaire. Nunca tinha ouvido falar, mas é brilhante. Para finalizar, tenho de me levantar da minha cadeira e bater palmas (é difícil fazer isto e escrever ao mesmo tempo 😉 ), em honra ao pequeno almoço. Do melhor que já vi e comi. Tudo com um aspecto maravilhoso. É servido na sala onde tem a bancada da cozinha, de onde saem umas omeletes capazes de vidrar qualquer olhar. Também achei maravilhosa, uma espécie de sala secreta, apenas dedicada a queijos e enchidos. E eu que adoro queijos e enchidos. (neste momento estou com um olhar melancólico e mão a segurar o queixo, a recordar este pequeno almoço). Segundo a Liliana, durante o pequeno almoço, eu parecia um tonto a vaguear pelas bancadas de comida. Apenas estava a contemplar. Paladar? Comida? Vinho? Vale mais que um check, vale a pena vir cá só para desfrutar de boa comida e bons vinhos (sim, o ambiente também ajuda, e outros sentidos entram todos aqui…isto da analise individual dos sentidos já está uma salganhada 😉 ).
#VISÃO
Propositadamente este sentido ficou para último. Até porque acabei por ir falando da visão na descrição dos outros sentidos. Aquela coisa de “os olhos também comem” ou “quem não vê não sente”, aqui faz tanto sentido. O hotel é lindíssimo, a decoração é aquela que eu gostaria de ter na minha casa, o jardim é maravilhoso, o SPA tem das piscinas interiores mais bonitas que já vi (e olhem que já vi muitas), a biblioteca de vinhos é formidável, a piscina exterior levou-me quase a mandar um mergulho no mês de janeiro (sim, muito frio), mas vale a pena ficar ali só a olhar para ela e a horta exterior parece um quadro. Enfim…depois, tudo isto, envolvido pelo vale do Douro e a dois passos do rio. É preciso dizer que o Douro é bonito e especial? Pois, acho que não.
#6º SENTIDO
Este é o joker. Cada um tem o seu, ao melhor estilo super herói. O meu é uma rápida avaliação de coração do que sinto. Senti-me muito bem no Six Senses. Aqui, por acreditar sinceramente nisso enquanto elemento diferenciador para o bem e para o mal, dou destaque às pessoas. Porque no final das contas, são elas, com sua simpatia e talento, que fazem a verdadeira diferença. Desde o momento que chegámos ao momento de partimos, fomos muito bem tratados, como se trata alguém convidado de sua casa (eu senti isso aqui). O hotel lindíssimo, num espaço estupendo, mas aqui destaco todos os sorrisos sinceros que recebi e todas histórias que conheci.
#CONTATOS
Six Senses Douro Valley
Quinta de Vale Abraão, Samodães,
5100-758 Lamego – Portugal
T +351 254 660 600
Email: reservations-dourovalley@sixsenses.com
Site: Six Senses Douro Valley
Facebook: @sixsensensdourovalley
Instagram: @sixsensesdourovalley