dia 1 – 21/5/2019 | Moledo – Porto
7:00, marina de Viana do Castelo. O sol entra pela janela do quarto, no barco, situada a pouco mais de dois palmos acima do nível da água. Acordo com o reflexo da luz quente da manhã, mas não me levanto, enrosco-me e desvio os raios de sol do alcance do meu olhar. Aquela tentativa, que acredito ser prática comum das manhãs de todos nós, “vou dormir mais um bocadinho”. 5 minutos depois passa um barco, talvez a voltar de uma boa dose de pescaria, cria um conjunto de ondas, abana o meu barco, abana a minha cama, senti que na vida do mar não existem tentativas para “dormir mais um bocadinho”. Era tempo de acordar e levantar. Não fujo mais dos bonitos raios da manhã, encaro-os e encosto a minha cara no vidro da janela. Sento-me na cama, pés no chão e sorriso na cara. A aventura ia começar.
8h00, o barco arranca lentamente em direção a Moledo. Em toda viagem, ia ser o único momento de navegação para Norte. O objetivo era começar na fronteira com Espanha e não perder um centímetro sequer da nossa costa. Já com o barco em movimento, começam as primeiras questões na minha cabeça, quase todas elas relacionadas com a coleção de expectativas criadas nas semanas antes desta viagem. Não é uma viagem normal, nunca fiz nada parecido. Um misto de sonhos, curiosidade e também medo, provocado pelo desconhecido. Nem consigo imaginar a dose de medo que os nossos navegadores sentiam na hora da partida. Acredito que o “desconhecido” deles fosse infinitamente maior e o controlo sobre a viagem quase nulo.
Movido pela adrenalina da partida, a primeira hora de viagem passou num abrir e fechar de olhos. Como a mesma velocidade chegámos à Praia do Moledo, com a mesma velocidade o Zé, comandante do veleiro, içou velas e, acompanhados por vento favorável, navegámos para Sul. Procurei cada cantinho do barco, quase numa tentativa de conhecimento mútuo, numa tentativa de simbiose, não perfeita, mas confortável. Já embalado pelas leves ondas do mar, percebo que na vida a bordo não são apenas os quilómetros que são convertidos em milhas. O vento transforma-se em tempo, o relógio corre mais devagar, e esse tempo, num gesto mutante, exige silêncio. Esse silêncio provoca um olhar interior ao mesmo tempo que tudo em volta se eleva em pormenor. Com o vento na cara, já envolvido na vida de marinheiro, consigo perceber perfeitamente o fascínio de uma vida, talvez errante, no mar.
Além de todo o lado romântico e filosófico dos primeiros momentos de viagem e primeiros momentos no mar, também me começo a encaixar com um dos propósitos desta viagem. Uma diferente perspectiva de Portugal. Uma visão de fora para dentro. Delicioso perceber cada contorno, definir contrastes e identificar a rapidez que uma mudança de paisagem provoca na cultura de territórios vizinhos. De Moledo a Viana, de Esposende a Póvoa do Varzim, e o terminar com a entrada na Foz do Porto. Lugares que tão bem conheço, vistos e sentidos numa perspectiva inversa.
Agora é tempo de descansar, alinhar sentimentos e deixar o tempo passar até à partida de amanhã. Este é apenas o primeiro dia, de um total de oito dias de viagem. Muito curioso pelo que está por vir.
7:00, marina de Viana do Castelo. O sol entra pela janela do quarto, no barco, situada a pouco mais de dois palmos acima do nível da água. Acordo com o reflexo da luz quente da manhã, mas não me levanto, enrosco-me e desvio os raios de sol do alcance do meu olhar. Aquela tentativa, que acredito ser prática comum das manhãs de todos nós, “vou dormir mais um bocadinho”. 5 minutos depois passa um barco, talvez a voltar de uma boa dose de pescaria, cria um conjunto de ondas, abana o meu barco, abana a minha cama, senti que na vida do mar não existem tentativas para “dormir mais um bocadinho”. Era tempo de acordar e levantar. Não fujo mais dos bonitos raios da manhã, encaro-os e encosto a minha cara no vidro da janela. Sento-me na cama, pés no chão e sorriso na cara. A aventura ia começar.
8h00, o barco arranca lentamente em direção a Moledo. Em toda viagem, ia ser o único momento de navegação para Norte. O objetivo era começar na fronteira com Espanha e não perder um centímetro sequer da nossa costa. Já com o barco em movimento, começam as primeiras questões na minha cabeça, quase todas elas relacionadas com a coleção de expectativas criadas nas semanas antes desta viagem. Não é uma viagem normal, nunca fiz nada parecido. Um misto de sonhos, curiosidade e também medo, provocado pelo desconhecido. Nem consigo imaginar a dose de medo que os nossos navegadores sentiam na hora da partida. Acredito que o “desconhecido” deles fosse infinitamente maior e o controlo sobre a viagem quase nulo.
Movido pela adrenalina da partida, a primeira hora de viagem passou num abrir e fechar de olhos. Como a mesma velocidade chegámos à Praia do Moledo, com a mesma velocidade o Zé, comandante do veleiro, içou velas e, acompanhados por vento favorável, navegámos para Sul. Procurei cada cantinho do barco, quase numa tentativa de conhecimento mútuo, numa tentativa de simbiose, não perfeita, mas confortável. Já embalado pelas leves ondas do mar, percebo que na vida a bordo não são apenas os quilómetros que são convertidos em milhas. O vento transforma-se em tempo, o relógio corre mais devagar, e esse tempo, num gesto mutante, exige silêncio. Esse silêncio provoca um olhar interior ao mesmo tempo que tudo em volta se eleva em pormenor. Com o vento na cara, já envolvido na vida de marinheiro, consigo perceber perfeitamente o fascínio de uma vida, talvez errante, no mar.
Além de todo o lado romântico e filosófico dos primeiros momentos de viagem e primeiros momentos no mar, também me começo a encaixar com um dos propósitos desta viagem. Uma diferente perspectiva de Portugal. Uma visão de fora para dentro. Delicioso perceber cada contorno, definir contrastes e identificar a rapidez que uma mudança de paisagem provoca na cultura de territórios vizinhos. De Moledo a Viana, de Esposende a Póvoa do Varzim, e o terminar com a entrada na Foz do Porto. Lugares que tão bem conheço, vistos e sentidos numa perspectiva inversa.
Agora é tempo de descansar, alinhar sentimentos e deixar o tempo passar até à partida de amanhã. Este é apenas o primeiro dia, de um total de oito dias de viagem. Muito curioso pelo que está por vir.