dia 8 – 28/5/2019 | Vilamoura – V. R. S. António

Último dia de viagem. Nostalgia ao rubro. Sinto-me há um mês no barco, há um mês no mar. Reforço o sentimento que expressei no primeiro dia de viagem, no mar não são apenas os quilómetros que se transformam em milhas, o embalar das ondas e o vento no cabelo são muito mais do que consequências, são construtores de memórias e alimento premium para a alma. Cada segundo é um momento, cada segundo conta. Cada um é um evento raro, que faz o tempo parecer mais longo. Na verdade, o nosso relógio é igual ao que usaria em terra e não existe tal conversão marítima do tempo. O tempo a bordo é mais valioso, existe menos tempo para distrações, temos mais tempo para nós e para aqueles que estão ligados a nós na mesma missão. Um minuto pode ser uma eternidade positiva.

Começamos, como sempre, a navegar com os primeiros raios de sol. A coordenada final estava alinhada para Vila Real de Santo António, que coincidia com o encontro de Portugal com Espanha. O final da costa portuguesa era consequentemente o final da nossa épica viagem, a tal que tinha começado há uma semana em Moledo.

Foi um dia diferente e uma espécie de convulsão de sentimentos. O fim do que é sentido tem sempre um efeito estranho e incontrolável. Não pode ser apenas um fim. Tem que ser algo épico, não objetivamente efusivo, mas algo que mexa com orgãos e músculos, como algo intrínseco que não obedece a ordens. Estava um sol dos que queima e uma brisa suave, e a cada batida leve de onda no casco do barco, pensava no que tinha visto, no que tinha sentido, nas pessoas com quem me cruzei na viagem e na minha família que deixei em terra. Navegava em território familiar. Sou filho (adotivo) da Ria Formosa. Talvez esta feliz coincidência ainda aguçasse mais o sentido de fim e de um regresso a casa, depois de uma jornada por mares nunca antes navegados (por mim).

Acredito, de coração, que a felicidade só é verdadeira quando é partilhada. Mesmo numa viagem feita em modo solo, a felicidade é atingida no partilhar de memórias ou nas pequenas e esporádicas relações construídas ao longo da viagem. Nesta viagem, tive a felicidade de partilhar feitos e memórias com o Zé e o André. Não os conhecia. Nunca os tinha visto. Nada sabia da vida deles. 8 dias depois, sinto que os conheço melhor que muitos amigos que conheço há uma vida. Talvez seja de novo o poder do mar a actuar. Talvez tenha sido apenas uma feliz coincidência. Mas o que é certo, e até não os voltar a ver, é que os vou levar comigo para a vida, naquele cantinho onde estão as melhores memórias e as melhores pessoas. No tempo de reis e rainhas, eram construídas canções sobre aventureiros e amigos como nós. Agora os tempos são outros, mas, da mesma forma que os aventureiros do passado, vamos ficar imortalizados. Seja em fotografia, em textos, em videos, e em muitas conversas, que nem precisam de ser feitas em grandes auditórios, uma mesa de Natal em família parece-me o cenário perfeito para a partilha e imortalização das melhores memórias. Sinceramente, imagino os netos da minha filha Alice, a falarem entre si, com aquele ar orgulhoso de quem gosta, sobre a aventura que o bisavô viveu, com os seus amigos, na costa portuguesa. Muitas vezes, as melhores histórias não precisam do maior dos palcos para viverem para sempre, apenas precisam de Um verdadeiro e sentido.

Num ápice, a Ria Formosa terminou, passámos por Manta Rota, Altura e Monte Gordo, cruzamos o primeiro pontão do areal que liga Monte Gordo e Vila Real, e percebemos que o final estava ali. Não me senti como um maratonista a cruzar a meta. Um maratonista acelera no final e este final foi de abrandamento. Os sprints foram substituídos por abraços e brindes. Agradecimentos sentidos e desejos de novas aventuras. Vivemos muito. Muitos sorrisos, alegrias, medos e quase lágrimas. Estávamos quase a terminar e talvez a tentar encontrar a melhor palavra ou frase para definir o que tínhamos vivido. O Zé, no altos dos seus 23 anos de uma maturidade nunca anteriormente vista por mim, e homem dos mares, exclamou algo do género: “não procurem respostas agora para o que vivemos, talvez só algum tempo depois da viagem, talvez essa resposta nunca venha a ser encontrada, talvez existir uma resposta concreta não seja o mais importante”. Fez sentido para mim.

Da mesma forma como começámos, com um sorriso no rosto, entre Portugal e Espanha, e de Samsung Galaxy S10 em punho, registámos e congelámos mais um momento. A grande diferença é que esta tinha sido última. A última de uma aventura inesquecível.

Um obrigado gigante, do tamanho dos 943km de costa que percorremos, a todos o que tornaram esta aventura possível e a todos o que a acompanharam desse lado. Obrigado.

FIM!

Último dia de viagem. Nostalgia ao rubro. Sinto-me há um mês no barco, há um mês no mar. Reforço o sentimento que expressei no primeiro dia de viagem, no mar não são apenas os quilómetros que se transformam em milhas, o embalar das ondas e o vento no cabelo são muito mais do que consequências, são construtores de memórias e alimento premium para a alma. Cada segundo é um momento, cada segundo conta. Cada um é um evento raro, que faz o tempo parecer mais longo. Na verdade, o nosso relógio é igual ao que usaria em terra e não existe tal conversão marítima do tempo. O tempo a bordo é mais valioso, existe menos tempo para distrações, temos mais tempo para nós e para aqueles que estão ligados a nós na mesma missão. Um minuto pode ser uma eternidade positiva.

Começamos, como sempre, a navegar com os primeiros raios de sol. A coordenada final estava alinhada para Vila Real de Santo António, que coincidia com o encontro de Portugal com Espanha. O final da costa portuguesa era consequentemente o final da nossa épica viagem, a tal que tinha começado há uma semana em Moledo.

Foi um dia diferente e uma espécie de convulsão de sentimentos. O fim do que é sentido tem sempre um efeito estranho e incontrolável. Não pode ser apenas um fim. Tem que ser algo épico, não objetivamente efusivo, mas algo que mexa com orgãos e músculos, como algo intrínseco que não obedece a ordens. Estava um sol dos que queima e uma brisa suave, e a cada batida leve de onda no casco do barco, pensava no que tinha visto, no que tinha sentido, nas pessoas com quem me cruzei na viagem e na minha família que deixei em terra. Navegava em território familiar. Sou filho (adotivo) da Ria Formosa. Talvez esta feliz coincidência ainda aguçasse mais o sentido de fim e de um regresso a casa, depois de uma jornada por mares nunca antes navegados (por mim).

Acredito, de coração, que a felicidade só é verdadeira quando é partilhada. Mesmo numa viagem feita em modo solo, a felicidade é atingida no partilhar de memórias ou nas pequenas e esporádicas relações construídas ao longo da viagem. Nesta viagem, tive a felicidade de partilhar feitos e memórias com o Zé e o André. Não os conhecia. Nunca os tinha visto. Nada sabia da vida deles. 8 dias depois, sinto que os conheço melhor que muitos amigos que conheço há uma vida. Talvez seja de novo o poder do mar a actuar. Talvez tenha sido apenas uma feliz coincidência. Mas o que é certo, e até não os voltar a ver, é que os vou levar comigo para a vida, naquele cantinho onde estão as melhores memórias e as melhores pessoas. No tempo de reis e rainhas, eram construídas canções sobre aventureiros e amigos como nós. Agora os tempos são outros, mas, da mesma forma que os aventureiros do passado, vamos ficar imortalizados. Seja em fotografia, em textos, em videos, e em muitas conversas, que nem precisam de ser feitas em grandes auditórios, uma mesa de Natal em família parece-me o cenário perfeito para a partilha e imortalização das melhores memórias. Sinceramente, imagino os netos da minha filha Alice, a falarem entre si, com aquele ar orgulhoso de quem gosta, sobre a aventura que o bisavô viveu, com os seus amigos, na costa portuguesa. Muitas vezes, as melhores histórias não precisam do maior dos palcos para viverem para sempre, apenas precisam de Um verdadeiro e sentido.

Num ápice, a Ria Formosa terminou, passámos por Manta Rota, Altura e Monte Gordo, cruzamos o primeiro pontão do areal que liga Monte Gordo e Vila Real, e percebemos que o final estava ali. Não me senti como um maratonista a cruzar a meta. Um maratonista acelera no final e este final foi de abrandamento. Os sprints foram substituídos por abraços e brindes. Agradecimentos sentidos e desejos de novas aventuras. Vivemos muito. Muitos sorrisos, alegrias, medos e quase lágrimas. Estávamos quase a terminar e talvez a tentar encontrar a melhor palavra ou frase para definir o que tínhamos vivido. O Zé, no altos dos seus 23 anos de uma maturidade nunca anteriormente vista por mim, e homem dos mares, exclamou algo do género: “não procurem respostas agora para o que vivemos, talvez só algum tempo depois da viagem, talvez essa resposta nunca venha a ser encontrada, talvez existir uma resposta concreta não seja o mais importante”. Fez sentido para mim.

Da mesma forma como começámos, com um sorriso no rosto, entre Portugal e Espanha, e de Samsung Galaxy S10 em punho, registámos e congelámos mais um momento. A grande diferença é que esta tinha sido última. A última de uma aventura inesquecível.

Um obrigado gigante, do tamanho dos 943km de costa que percorremos, a todos o que tornaram esta aventura possível e a todos o que a acompanharam desse lado. Obrigado.

FIM!

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