Eu vivo em Abrantes. Sou originário (com muito orgulho) de uma pequena freguesia do concelho, chamada Rossio ao Sul do Tejo. Vivo bem no centro do país. Não vejo o mar todos os dias, nem existe nenhum centro comercial por aqui. Pasmem-se. Sou feliz.
Esta coisa de ter um Escritório lá Fora como profissão, permite-me liberdade, quase total, no que toca à escolha do local para viver. Poderia, por exemplo, ter a base do Meu Escritório numa praia das Filipinas ou da Costa Rica, desde que tivesse acesso à internet. Simples. Mas em vez de uma praia paradisíaca, escolhi Abrantes para viver, talvez para sempre. (até parece estranho a escrever)
Adoro viajar, quero conhecer o Mundo inteiro. Mas quero sempre voltar. Gosto tanto de ir, como gosto de voltar. Gosto de conhecer locais novos e diferentes, gosto ainda mais de conhecer pessoas novas e partilhar experiências. Mas depois, também adoro voltar e as contar as histórias das minhas aventuras, as minhas histórias e não as histórias da vida de outro. Acredito que somos do tamanho das histórias que temos para contar. Levei esta expressão muito a peito 😉
Adoro o frenesim de um local novo, mas também adoro a rotina de me encontrar com os meus amigos no Café Pato Bravo, na minha terra, à 6a feira à tarde. Nem é preciso telemóvel ou facebook para combinar. Isto é estranho, não é? Mais uma vez, quero conhecer o Mundo inteiro, mas não aguento muito tempo longe da minha Liliana, dos meus pais que gosto tanto e dos meus amigos (uns até me escolheram para padrinho da primeira filha, vejam lá o orgulho 😉 ). Deveria ser abatido, certo? Não existe uma lei qualquer que diz que não se pode ter tudo na vida. E eu, feito parvo, luto todos os dias para ter tudo aquilo que gosto e que me faz feliz. 😉
Seja em Portugal ou no resto do Mundo, me fazem a mesma pergunta, quando dão de caras com um rapaz que tem um blog conhecido: “és de Lisboa?”, eu abano a cabeça e nem me deixam responder, ” ok, és do Porto!”. No final desta rotina, já a posso classificar assim, lá conto a minha história: “Sou de Abrantes e quero viver lá para sempre”. Olham-me com ar de extraterrestre. Sinto orgulho.
Acredito que esta diferença e não seguir programas ou rótulos pré-estabelecidos, com toda uma genuinidade associada (eu gosto mesmo de viver aqui, não foi ninguém que me disse), faz de mim, lá está, diferente. Ainda há pouco falei com outros colegas bloggers, sobre este assunto, como era a relação com o lugar em que cada um vive. Uma colega brasileira respondeu que precisou de ser reconhecida no exterior (quem assistiu ao Rei do Gado e ao Pantanal, sabe que exterior quer dizer estrangeiro 😉 ), para ser reconhecida na sua cidade, outra colega de Lisboa, diz que, simplesmente ninguém a conhece ou reconhece na sua cidade. Eu respondo sempre o mesmo, com muito orgulho: “na minha cidade sinto-me uma rockstar!”. Sinto imenso carinho e sinto que é sincero. Sinto que têm orgulho, que o gajo que se fez à vida e criou uma coisa muito estranha chamada “O Meu Escritório é lá Fora!”, ser da mesma terra que eles. Prova disso, é o recente galardão que recebi na gala da rádio Antena Livre. Ia rebentando de orgulho.
Para finalizar. Acho que perceberam que bati sempre na mesma tecla. As pessoas. Tenho um blog, entre outras coisas (estranhas 😉 ) é a minha profissão, vivo do digital, mas quem faz a verdadeira diferença são as pessoas e a nossa relação com elas. As que eu mais gosto estão em Abrantes ou ligadas a ela, por isso, enquanto elas (as pessoas) gostarem tanto disto como eu e andarem por cá, a minha terra e a minha casa vai ser sempre Abrantes. Onde sou muito feliz. (se baterem à minha porta e eu não estiver em casa, é porque estou lá fora. Onde? No Mundo. Mas volto 😉 )