Casa da Passarella. Um ícone dos vinhos do Dão. É difícil ficar indiferente aos vinhos da Casa da Passarella. É impossível ficar indiferente numa visita à Casa da Passarella. Talvez consiga defini-lo como algo emocionante. Toca na pele e no coração.
Visitei a Casa da Passarella nos últimos dias, em plena temporada da vidima. Por norma, procuro os meus adjetivos e procuro qualificar as minhas sensações. Sempre por palavras minhas. Não seria difícil escrever (muito) sobre cada pormenor deste lugar onde o vinho, é muito mais do que uma bebida, é história. Mas na minha passagem pela Casa da Passarella cruzei-me com um pequeno texto, em jeito de auto-retrato, que me fez pensar “é isto”.
“Nunca se saberá se foi o clima, se foi a terra. Se foi o talento das pessoas que por cá passaram e das suas apaixonantes histórias e personalidades. Ou se terá sido, pura e simplesmente, sorte. Aquela mesma sorte que fez com tudo isto se encontrasse, no mesmo lugar, na altura certa, como uma benção de planetas alinhados, de Sol e chuva e da curiosidade dos homens. Uma coisa é certa. Silenciosa e imponente, a velha montanha tem assistido do alto ao nascimento de grandes vinhos neste pedaço de terra do Dão que tem a seus pés. E se para ela um século e meio é quase nada, no tempo dos homens muita coisa aconteceu desde que a primeira vinha foi plantada e a primeira pedra da Casa foi colocada, algures pelas últimas décadas do século XIX. 150 anos que foram tudo menos monótonos. Atravessadas por tempos de guerra e paz, abundância e pobreza, partidas e chegadas, esplendor e esquecimento, as terras da Passarella viram história a ser escrita – por muitos e talentosos autores mas sempre com o seu sangue, o vinho. Talvez as lendas não existam e sejam afinal verdade. Talvez a história, de facto, se repita. Ou, pura e simplesmente, talvez a sorte continue do nosso lado. Seja como for, com a terra como página em branco, vamos continuar a escrever as nossas linhas, colheita após colheita.”
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Esta história pertence ao projeto Retratos do Centro de Portugal. Vão ser construídos 365 retratos, 365 pequenas histórias, sobre toda a grande Região Centro de Portugal. Podem consultar todos os retratos aqui.