Alicante, a cidade e o mar.

 

Alicante. Espanha. Fica algures entre as cidades de Múrcia e Valência, na região da Costa Blanca, com um, cheio de estilo, mar Mediterrâneo a banhar a sua costa. Sim, em Portugal toda a gente conhece Alicante, pelo Torrão de Alicante. Pouco vai interessar para esta conversa.

Visitei Alicante no final do mês de Junho, provavelmente na época do ano mais agitada por estas bandas. Final de Junho é sinónimo de Festas de São João ou Hogueras de San Juan de Alicante (sim, hogueras quer dizer fogueiras…já explico mais à frente). Estive em Alicante cerca de 5 dias (sempre em festa), com a temperatura a roçar a perfeição. Não, não tive sorte. Parece que o tempo está quase sempre assim por aqui. Outra coisa importante para começo de conversa. Não, não fiz 15 horas de carro até chegar a Alicante. A TAP tem voos diretos a partir de Lisboa. Coisa para 1h30m de duração (fácil, não?)

Cheguei a Alicante num princípio de tarde de muito calor. Mas não aquele calor tórrido, que não apetece dar uma distância maior que 1 metro de um sistema de ar condicionado. Estava um calor apetecível. O aeroporto de Alicante fica a cerca 15 minutos (de carro) do centro da cidade. Uma viagem curta até ao hotel e um saltar, quase imediato, para um dos acontecimentos, quase protocolar, de todas as minhas viagens. Ir até ao ponto mais alto da cidade, para obter uma panorâmica geral. Feliz da vida, porque o ponto mais alto da cidade (é bem alto) é também um dos pontos que mais histórias tem para contar. O ponto mais alto da cidade é o Castelo de Santa Bárbara. Lindíssimo Castelo ou pequena aldeia entre muralhas, situado a cerca de 150 metros acima no nível do mar (e de quase toda a restante cidade). O Castelo dispõe de vários níveis ou pisos, promovendo visões magnificas sobre a cidade e o mar, facilmente distinguindo o centro histórico de uma face mais urbana e habitacional. Dizem que o primeiro impacto conta muito (e eu acredito nisso). Este Castelo funcionou na perfeição comigo. Não só vi as bonitas paisagens lá no alto, como viajei (sim, aqueles filmes que a minha cabeça produz) de imediato pela história de Alicante. Imaginei princesas espanholas a passear pelos jardins, distingui facilmente Alicante de uma qualquer cidade da Suécia, não pelo calor, mas pelos claros traços Islâmicos da sua construção, não ficasse Alicante a “dois passos” do Norte de África. Imaginei também um senhor de idade a tocar um sino ou a aceder uma fogueira (ou hoguera) a avisar a aproximação de piratas (se eu fosse Pirata atacaria, certamente, Alicante). Claramente, vi a cidade a ser construída à volta do Castelo, sob influência de culturas e acontecimentos distintos. Num rápido voltar ao presente, daquele ponto alto, também tive o primeiro vislumbre, daquele foi, para mim, o maior encanto de Alicante. Após olhar uns minutos para a cidade lá, soltei um: “bolas, esta malta deve ter qualidade de vida”. Uma cidade plana, cheia de histórias para contar, com mar e praias bonitas como porta de entrada. Uma cidade com cerca de 300 mil pessoas, ou seja, nem muito grande, nem muito pequena, mas com massa crítica para acontecerem coisas, coisas tais como bons restaurantes ou uma boa oferta cultural. E depois, tem 300 dias de sol e um Inverno bastante ameno (para mim um dia de frio por ano está bom). Desci do Castelo de elevador, para o patamar zero, em que apenas tinha de atravessar a estrada para entrar na praia. Bom material, este Alicante. 

Ao passear pelas ruas do centro histórico (e junto à praia…e em todo o lado), aquelas que tinha visto os contornos lá de cima, comecei a perceber, pela primeira vez, a dimensão destas Hogueras de San Juan. Na verdade estas festas e a inauguração dos voos diretos entre Lisboa e Alicante, tinham sido as grandes razões para a minha visita. Se ter voos diretos, seja para onde for, já saiba que era porreiro, sobre estas festas de São João espanholas, com um toque pirotécnico, as minhas expectativas eram quase inexistentes. Adianto já o final. Fui, gostei muito e era capaz voltar….já no próximo ano. Primeiro, a envolvência da população. As ruas estavam cheias. Mas não aquele cheio caótico, típico do Marquês quando o Benfica é campeão. Um cheio agradável, de pessoas alegres e claramente envolvidas nos festejos. Poucos estrangeiros vi. Esta festa envolve toda a cidade, com cada bairro a ter a sua mini (quer dizer, mini não é bem a palavra certa) festa, num total de 98 bairros. Muitas festas, portanto. E onde entram as hogueras aqui? Bem, confesso que ao inicio essa parte me causou alguma confusão. Cada bairro cria uma mega escultura, tipo carnaval da Nazaré, mas em grande. Umas com sátiras (sim, o Trump aparecia lá) à actualidade, e outras com criaturas que pareciam que tinham saído de um qualquer filme de fantasia (não obscuras tipo Guerra dos Tronos, mais ao estilo da Alice no País das Maravilhas). Agora a parte da confusão. O grande acontecimento das festas é queimar estas esculturas. A primeira pergunta que me coloquei quando soube foi um: “WHAT!?!?!”. Esculturas lindíssimas, gigantes (umas tinham uns 30 metros), certamente com um custo de uns largos milhares de euros, destruídas pelo fogo. Ainda para mais, quando quase todas elas estavam em pequenas praças rodeadas de prédios (e gente), onde à minha confusão se juntou a um: “epá! isto é perigoso”. Mas, tal como um alicantino (sim, rapidamente me senti um), habituei-me à ideia e rapidamente a tomei como normal. 

O dia das hogueras seria o último dia das festas, embora isso me pareça muito relativo, já que esta malta parece andar sempre em festa. Pelo meio, antes chegar a esse momento, ainda vivi muito Alicante. Vivi a Mascletà, um festival ou concurso de fogo de artificio, à hora de almoço (fresquinho portanto), onde cada empresa pirotécnica tem 5 minutos para mostrar o que vale, numa praça da cidade com milhares e milhares de pessoas, não só a ver, mas a delirar com aquilo. Basicamente, ganha quem faz mais barulho (pelo menos, é esse, para mim, o principal critério de avaliação). Muito mais do que os 5 minutos de “bombardeamento”, o que mais me impressionou foram as pessoas que assistiam ao “espetáculo” a vibrar como se de uns Jogos Olímpicos se tratasse. Uns choravam, uns gritavam para os pirotécnicos tratando-os como uns verdadeiros heróis (tipo quando uma pessoa vê o Cristiano Ronaldo), outros levantavam placas com o número 10 (pontuação máxima! ao melhor estilo do concurso de saltos para a água). Confesso que fiquei tão sensibilizado com o comportamento das pessoas, que fiquei empolgado e ainda soltei um grito (e levantei os braços, como se festeja um golo da equipa lá da terra). Era sincero, as pessoas estavam mesmo emocionadas com aquilo. 

Também vivi as ruas, as praias e as pessoas. Andei de barco, com uns loucos de Torrevieja. Comi muito arroz (epá muito bom!), de muitas maneiras, mas sempre de extrema qualidade. Curiosamente, não comi paelha. Comi na rua, comi nas festas, comi em restaurantes com vista para o mar. Conversei (5 segundos) com a rainha da festa, que deve ser a pessoa mais famosa de Alicante. Fui à praia. De dia e de noite (existem imensas festas na praia, com…hogueras). Andei perdido pelas ruas do centro histórico. Fui ao mercado e a várias igrejas. Conheci muita gente boa e muito simpática (e as pessoas, e a interação com elas, com os locais, são sempre o melhor que pode acontecer em qualquer viagem). Vivi Alicante, e vi Alicante como muito mais do que uma cidade ou praia bonita para visitar. Sinceramente, saí de Alicante a pensar: “era capaz de viver aqui!”. Existe qualidade de vida e isso sente-se nas pessoas. Isso é, mais de meio caminho, para também te sentires bem, e, consequentemente, a experiência resultar.  

…e dia final da festa, as hogueras? É a loucura total! (fiquei arrepiado, a sério…e quase que levei um banho dos bombeiros a apagar o fogo…também faz parte da festa)

É para voltar? Assim que puder.

 

Alicante. Espanha. Fica algures entre as cidades de Múrcia e Valência, na região da Costa Blanca, com um, cheio de estilo, mar Mediterrâneo a banhar a sua costa. Sim, em Portugal toda a gente conhece Alicante, pelo Torrão de Alicante. Pouco vai interessar para esta conversa.

Visitei Alicante no final do mês de Junho, provavelmente na época do ano mais agitada por estas bandas. Final de Junho é sinónimo de Festas de São João ou Hogueras de San Juan de Alicante (sim, hogueras quer dizer fogueiras…já explico mais à frente). Estive em Alicante cerca de 5 dias (sempre em festa), com a temperatura a roçar a perfeição. Não, não tive sorte. Parece que o tempo está quase sempre assim por aqui. Outra coisa importante para começo de conversa. Não, não fiz 15 horas de carro até chegar a Alicante. A TAP tem voos diretos a partir de Lisboa. Coisa para 1h30m de duração (fácil, não?)

Cheguei a Alicante num princípio de tarde de muito calor. Mas não aquele calor tórrido, que não apetece dar uma distância maior que 1 metro de um sistema de ar condicionado. Estava um calor apetecível. O aeroporto de Alicante fica a cerca 15 minutos (de carro) do centro da cidade. Uma viagem curta até ao hotel e um saltar, quase imediato, para um dos acontecimentos, quase protocolar, de todas as minhas viagens. Ir até ao ponto mais alto da cidade, para obter uma panorâmica geral. Feliz da vida, porque o ponto mais alto da cidade (é bem alto) é também um dos pontos que mais histórias tem para contar. O ponto mais alto da cidade é o Castelo de Santa Bárbara. Lindíssimo Castelo ou pequena aldeia entre muralhas, situado a cerca de 150 metros acima no nível do mar (e de quase toda a restante cidade). O Castelo dispõe de vários níveis ou pisos, promovendo visões magnificas sobre a cidade e o mar, facilmente distinguindo o centro histórico de uma face mais urbana e habitacional. Dizem que o primeiro impacto conta muito (e eu acredito nisso). Este Castelo funcionou na perfeição comigo. Não só vi as bonitas paisagens lá no alto, como viajei (sim, aqueles filmes que a minha cabeça produz) de imediato pela história de Alicante. Imaginei princesas espanholas a passear pelos jardins, distingui facilmente Alicante de uma qualquer cidade da Suécia, não pelo calor, mas pelos claros traços Islâmicos da sua construção, não ficasse Alicante a “dois passos” do Norte de África. Imaginei também um senhor de idade a tocar um sino ou a aceder uma fogueira (ou hoguera) a avisar a aproximação de piratas (se eu fosse Pirata atacaria, certamente, Alicante). Claramente, vi a cidade a ser construída à volta do Castelo, sob influência de culturas e acontecimentos distintos. Num rápido voltar ao presente, daquele ponto alto, também tive o primeiro vislumbre, daquele foi, para mim, o maior encanto de Alicante. Após olhar uns minutos para a cidade lá, soltei um: “bolas, esta malta deve ter qualidade de vida”. Uma cidade plana, cheia de histórias para contar, com mar e praias bonitas como porta de entrada. Uma cidade com cerca de 300 mil pessoas, ou seja, nem muito grande, nem muito pequena, mas com massa crítica para acontecerem coisas, coisas tais como bons restaurantes ou uma boa oferta cultural. E depois, tem 300 dias de sol e um Inverno bastante ameno (para mim um dia de frio por ano está bom). Desci do Castelo de elevador, para o patamar zero, em que apenas tinha de atravessar a estrada para entrar na praia. Bom material, este Alicante. 

Ao passear pelas ruas do centro histórico (e junto à praia…e em todo o lado), aquelas que tinha visto os contornos lá de cima, comecei a perceber, pela primeira vez, a dimensão destas Hogueras de San Juan. Na verdade estas festas e a inauguração dos voos diretos entre Lisboa e Alicante, tinham sido as grandes razões para a minha visita. Se ter voos diretos, seja para onde for, já saiba que era porreiro, sobre estas festas de São João espanholas, com um toque pirotécnico, as minhas expectativas eram quase inexistentes. Adianto já o final. Fui, gostei muito e era capaz voltar….já no próximo ano. Primeiro, a envolvência da população. As ruas estavam cheias. Mas não aquele cheio caótico, típico do Marquês quando o Benfica é campeão. Um cheio agradável, de pessoas alegres e claramente envolvidas nos festejos. Poucos estrangeiros vi. Esta festa envolve toda a cidade, com cada bairro a ter a sua mini (quer dizer, mini não é bem a palavra certa) festa, num total de 98 bairros. Muitas festas, portanto. E onde entram as hogueras aqui? Bem, confesso que ao inicio essa parte me causou alguma confusão. Cada bairro cria uma mega escultura, tipo carnaval da Nazaré, mas em grande. Umas com sátiras (sim, o Trump aparecia lá) à actualidade, e outras com criaturas que pareciam que tinham saído de um qualquer filme de fantasia (não obscuras tipo Guerra dos Tronos, mais ao estilo da Alice no País das Maravilhas). Agora a parte da confusão. O grande acontecimento das festas é queimar estas esculturas. A primeira pergunta que me coloquei quando soube foi um: “WHAT!?!?!”. Esculturas lindíssimas, gigantes (umas tinham uns 30 metros), certamente com um custo de uns largos milhares de euros, destruídas pelo fogo. Ainda para mais, quando quase todas elas estavam em pequenas praças rodeadas de prédios (e gente), onde à minha confusão se juntou a um: “epá! isto é perigoso”. Mas, tal como um alicantino (sim, rapidamente me senti um), habituei-me à ideia e rapidamente a tomei como normal. 

O dia das hogueras seria o último dia das festas, embora isso me pareça muito relativo, já que esta malta parece andar sempre em festa. Pelo meio, antes chegar a esse momento, ainda vivi muito Alicante. Vivi a Mascletà, um festival ou concurso de fogo de artificio, à hora de almoço (fresquinho portanto), onde cada empresa pirotécnica tem 5 minutos para mostrar o que vale, numa praça da cidade com milhares e milhares de pessoas, não só a ver, mas a delirar com aquilo. Basicamente, ganha quem faz mais barulho (pelo menos, é esse, para mim, o principal critério de avaliação). Muito mais do que os 5 minutos de “bombardeamento”, o que mais me impressionou foram as pessoas que assistiam ao “espetáculo” a vibrar como se de uns Jogos Olímpicos se tratasse. Uns choravam, uns gritavam para os pirotécnicos tratando-os como uns verdadeiros heróis (tipo quando uma pessoa vê o Cristiano Ronaldo), outros levantavam placas com o número 10 (pontuação máxima! ao melhor estilo do concurso de saltos para a água). Confesso que fiquei tão sensibilizado com o comportamento das pessoas, que fiquei empolgado e ainda soltei um grito (e levantei os braços, como se festeja um golo da equipa lá da terra). Era sincero, as pessoas estavam mesmo emocionadas com aquilo. 

Também vivi as ruas, as praias e as pessoas. Andei de barco, com uns loucos de Torrevieja. Comi muito arroz (epá muito bom!), de muitas maneiras, mas sempre de extrema qualidade. Curiosamente, não comi paelha. Comi na rua, comi nas festas, comi em restaurantes com vista para o mar. Conversei (5 segundos) com a rainha da festa, que deve ser a pessoa mais famosa de Alicante. Fui à praia. De dia e de noite (existem imensas festas na praia, com…hogueras). Andei perdido pelas ruas do centro histórico. Fui ao mercado e a várias igrejas. Conheci muita gente boa e muito simpática (e as pessoas, e a interação com elas, com os locais, são sempre o melhor que pode acontecer em qualquer viagem). Vivi Alicante, e vi Alicante como muito mais do que uma cidade ou praia bonita para visitar. Sinceramente, saí de Alicante a pensar: “era capaz de viver aqui!”. Existe qualidade de vida e isso sente-se nas pessoas. Isso é, mais de meio caminho, para também te sentires bem, e, consequentemente, a experiência resultar.  

…e dia final da festa, as hogueras? É a loucura total! (fiquei arrepiado, a sério…e quase que levei um banho dos bombeiros a apagar o fogo…também faz parte da festa)

É para voltar? Assim que puder.

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