dia 4 – 24/5/2019 | Berlengas – Cascais
Quarto dia no mar. O dia começou em jeito de ressaca de uma noite mal dormida. Não estivemos numa festa no único bar que existe nas Berlengas, mas dormimos ao largo da ilha com um vento forte e mar agitado. O embalar suave das ondas do mar, muitas vezes transformou-se numa espécie de montanha russa típica de um qualquer parque aquático. O abanar do barco, o som do vento que sussurrava como um pequeno adamastor, o bater das ondas nas escotilhas e todo o sentimento de incerteza que dignifica e eleva a particular vida de um marinheiro. Com o nascer do dia o vento manteve-se, mas com os raios de sol a moral da tripulação subiu em jeito de prontidão para mais um dia de navegação. Pouco passava das 9h quando zarpámos das Berlengas.
A jornada entre Berlengas e Cascais seria a mais curta de toda a viagem. Cascais iria marcar o meio da viagem e também o local para realizar pequenas reparações no barco. Por isso, a hora de chegada não poderia tardar. A expectativa em relação à distância do dia poderia gerar alguma descontração, mas essa descontração dissipou-se com uma velocidade semelhante à velocidade do vento que nos conduziu até Peniche, nos primeiros minutos de mar. O vento estava forte, o mar estava agitado e a temperatura não estava amena, provocando aquele arrepio no corpo digno do topo de uma falésia. Foram estas as condições que nos acompanharam.
Não sei se por ser o quarto dia seguido no mar, que equivale a uns quinze dias em terra, se pelo tempo instável, mas este foi o dia de introspecção da tripulação. As conversas diminuíram a frequência e a banda sonora foi ditada pela natureza. Contudo, apesar do silêncio do dia, a admiração e conhecimento entre todos parece aumentar proporcionalmente com o aumento das milhas. O mar cria laços, sinto-o. No meio deste silêncio talvez tenha surgido a oportunidade para olhar com mais profundidade para o horizonte e para cada recorte de costa. Como eu, português, me senti orgulhoso do meu país. É lindo. Um lindo que vai além da beleza, um lindo carregado de profundidade, que a história se encarrega de marcar com traços de intemporalidade. Vai além da memória. É algo carnal e genético. Em jeito patriótico, sinto orgulho nos meus antepassados navegadores e na boa gente da minha geração que acredita na reciprocidade da relação entre o homem e o mar. O mar dá e o homem tem que estimar e valorizar o mar. De Norte a Sul, são inúmeros os projetos ligados a sustentabilidade. Ambiental e cultural. De preservação, de limpeza e acima de tudo de uma comunhão homem/mar que se defina pela palavra equilíbrio.
Santa Cruz, Praia Grande e Ericeira foram alguns do cenários de hoje. Aos quais ainda tenho de juntar o majestoso Cabo da Roca como, talvez, o maior cabeça de cartaz do dia hoje.
Hoje foi um dia de mar. Ninguém é dono do mar, o mar não é ninguém. É um ser indomável, de beleza tamanha e de uma grandeza infinita.
Amanhã navegamos até Sines.
Quarto dia no mar. O dia começou em jeito de ressaca de uma noite mal dormida. Não estivemos numa festa no único bar que existe nas Berlengas, mas dormimos ao largo da ilha com um vento forte e mar agitado. O embalar suave das ondas do mar, muitas vezes transformou-se numa espécie de montanha russa típica de um qualquer parque aquático. O abanar do barco, o som do vento que sussurrava como um pequeno adamastor, o bater das ondas nas escotilhas e todo o sentimento de incerteza que dignifica e eleva a particular vida de um marinheiro. Com o nascer do dia o vento manteve-se, mas com os raios de sol a moral da tripulação subiu em jeito de prontidão para mais um dia de navegação. Pouco passava das 9h quando zarpámos das Berlengas.
A jornada entre Berlengas e Cascais seria a mais curta de toda a viagem. Cascais iria marcar o meio da viagem e também o local para realizar pequenas reparações no barco. Por isso, a hora de chegada não poderia tardar. A expectativa em relação à distância do dia poderia gerar alguma descontração, mas essa descontração dissipou-se com uma velocidade semelhante à velocidade do vento que nos conduziu até Peniche, nos primeiros minutos de mar. O vento estava forte, o mar estava agitado e a temperatura não estava amena, provocando aquele arrepio no corpo digno do topo de uma falésia. Foram estas as condições que nos acompanharam.
Não sei se por ser o quarto dia seguido no mar, que equivale a uns quinze dias em terra, se pelo tempo instável, mas este foi o dia de introspecção da tripulação. As conversas diminuíram a frequência e a banda sonora foi ditada pela natureza. Contudo, apesar do silêncio do dia, a admiração e conhecimento entre todos parece aumentar proporcionalmente com o aumento das milhas. O mar cria laços, sinto-o. No meio deste silêncio talvez tenha surgido a oportunidade para olhar com mais profundidade para o horizonte e para cada recorte de costa. Como eu, português, me senti orgulhoso do meu país. É lindo. Um lindo que vai além da beleza, um lindo carregado de profundidade, que a história se encarrega de marcar com traços de intemporalidade. Vai além da memória. É algo carnal e genético. Em jeito patriótico, sinto orgulho nos meus antepassados navegadores e na boa gente da minha geração que acredita na reciprocidade da relação entre o homem e o mar. O mar dá e o homem tem que estimar e valorizar o mar. De Norte a Sul, são inúmeros os projetos ligados a sustentabilidade. Ambiental e cultural. De preservação, de limpeza e acima de tudo de uma comunhão homem/mar que se defina pela palavra equilíbrio.
Santa Cruz, Praia Grande e Ericeira foram alguns do cenários de hoje. Aos quais ainda tenho de juntar o majestoso Cabo da Roca como, talvez, o maior cabeça de cartaz do dia hoje.
Hoje foi um dia de mar. Ninguém é dono do mar, o mar não é ninguém. É um ser indomável, de beleza tamanha e de uma grandeza infinita.
Amanhã navegamos até Sines.